Título: Origem do ETA busca liberdade do País Basco há 100 anos
Autor: Olivia Hirsch
Fonte: Jornal do Brasil, 22/05/2005, Internacional, p. A8

O ETA (sigla para Pátria Basca e Liberdade) luta para formar uma entidade independente no País Basco, região que compreende uma porção do Nordeste da Espanha e uma pequena parte do Sudoeste da França. O grupo terrorista se originou do Partido Nacionalista Basco, fundado em 1894 e que conseguiu sobreviver na clandestinidade sob o governo do ditador Francisco Franco (1939-1975). Durante seu regime, o idioma basco, assim como o catalão, foram proibidos no país. A língua basca não tem parentesco com nenhuma no mundo e é a mais antiga falada atualmente na Europa.

Em 1959, alguns membros da legenda, descontentes com a rejeição à luta armada, fundaram o ETA.

Em 1966, o grupo dividiu-se em duas alas: uma ''nacionalista'', com o objetivo de atingir a autonomia basca, e outra ''ideológica'', marxista-leninista, que defendia o uso de sabotagem e, a partir de 1968, de assassinatos para conseguir a independência.

Após a morte de Franco, em 1975, os governos democráticos espanhóis tomaram medidas para conceder autonomia às províncias bascas e anistia aos membros do ETA que renunciassem ao terrorismo. No entanto, o número de atentados cresceu. Segundo dados oficiais, cerca de 800 pessoas morreram.

Após uma trégua de 14 meses, iniciada em 1998, o grupo informou, em dezembro de 1999, que retomava a luta armada devido à ''repressão'' dos governos da Espanha e da França e ao fracasso dos nacionalistas bascos moderados em criar um Estado basco independente.

O atentado de 11 de março de 2003 foi o maior da Europa em 16 anos e, inicialmente, atribuído ao ETA pelo governo do então primeiro-ministro José Maria Aznar.

Cerca de 140 kg de dinamite explodiram em quatro trens de Madri, atingindo as movimentadas estações de Atocha, El Pozo e Santa Eugênia. Os trens e estações estavam lotados de trabalhadores e estudantes. O saldo foi trágico: 191 mortos e 1.900 feridos.

Dois dias depois do ataque, terroristas da rede Al Qaeda assumiram a ação. A pressa em culpar o ETA custou a derrota nas urnas para o Partido Popular, até então favorito.