Título: Decifrando os símbolos
Autor: Claudia Bojunga
Fonte: Jornal do Brasil, 22/05/2005, Internacional / Ciência, p. A12

A restauração do acervo egípcio reforça a sensação de que um passeio pela seção mais procurada do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista é uma viagem ao passado remoto. Detalhes que passam despercebidos comprovam a riqueza cultural e espiritual dessa civilização até hoje fascinante. Um deles está num desenho ao lado do esquife de Hori, um sacerdote do 3º Período Intermediário do Egito Antigo, 1.100 a 1.050 a.C.

Segundo Brancaglion, a imagem (na foto acima) mostra que os egípcios foram os primeiros a crer que todo indivíduo possui uma alma imortal, tanto que costumavam pintar neles cenas nas quais chegavam ao mundo dos mortos.

- Esse é o julgamento da alma de Hori. A balança (canto esquerdo), traz no prato direito um coração. No outro, a deusa Maat - aponta Brancaglion, explicando que o coração é a sede dos pensamentos e das emoções, representando, então as ações em vida do indivíduo. Já Maat é a deusa da verdade e da justiça. Para que o homem vá para o campo dos mortos é necessário que tenha a balança em completo equilíbrio.

A figura ao lado da balança é o deus Anúbis, que conduz ao mundo dos mortos. Ele observa e aguarda o resultado do julgamento. Dependendo do veredicto o destino pode ser a deusa devoradora Amim, com pata de hipopótamo, corpo de leão e cabeça de crocodilo (em frente ao trono) que leva à morte definitiva. Outra possibilidade é se tornar o deus Osíris, da ressurreição - desejo de todo egípcio.