Título: Estratégia inclui governança corporativa
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 22/05/2005, Economia & Negócios, p. A20
Aos 66 anos, a aposentada Lucy Sabóia, também recém-chegada à Bolsa, usa vocabulário comum aos profissionais do mercado.
- A estratégia do MulherInvest minimiza riscos. Não fazemos investimento especulativo, por isso não saímos em momentos menos favoráveis como agora. Escolhemos empresas sólidas, com perspectiva de mercado, boas pagadoras de dividendos e boas práticas de governança. E, se a empresa atuar em um segmento que condenamos, não compramos por melhores que sejam seus indicadores - ensina.
Idealizadora do grupo, Sandra Blanco trabalhou no mercado financeiro até 1999, quando nasceu sua primeira filha. Na época, morava em São Paulo e logo depois veio para o Rio, acompanhando o marido transferido. Foi quando decidiu se associar à BPW (sigla em inglês para Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais, entidade presente em diversos países) que amadureceu a idéia que tinha desde a época em que trabalhava como consultora em um banco de investimentos.
- Percebi ali que quase todos os clientes que investiam na Bolsa eram homens. Decidi que ensinaria as mulheres a desmistificar o mercado de ações.
Primeiro, ela criou o site www.mulherinvest.com.br, onde apresenta ao público feminino todas as opções disponíveis de investimento.
- Mas sempre quis formar um clube de investimento, visando o mercado acionário, mas nunca conseguia um número mínimo. As mulheres são muito conservadoras na hora de investir. Só no BPW é que consegui reunir as primeiras interessadas. E ainda enfrentei dificuldade em encontrar uma corretora que nos deixasse gerir nosso dinheiro, sem intromissão.
As conversas do grupo incluem conjuntura econômica, cenário externo - com ponderações sobre a economia americana, o preço do petróleo - e tudo o que pode interferir no potencial de cada empresa gerar lucro.
Depois de cada reunião mensal, Sandra envia uma ata às integrantes - há pessoas de São Paulo, Pernambuco, Mato Grosso e Santa Catarina - e os boletins fornecidos pela corretora Fator, que administra o clube, com o total investido, o montante por investidora e a evolução dos ativos. Sandra, que também dá palestras sobre investimentos, não ganha nada pela administração do clube, que pretende fechar em no máximo 50 pessoas. (S.L)