Título: Genoino diz que teve consideração
Autor: Paula Barcellos, Paulo Celso Pereira e Renata Mour
Fonte: Jornal do Brasil, 23/05/2005, País, p. A3

A suspensão do deputado Virgílio Guimarães por um ano impede o petista de representar o partido, de votar e ser votado em encontros da legenda, inclusive nas eleições para a presidência do partido, em setembro. Mas a medida não o impossibilita de se candidatar em 2006.

Ao fim da votação, Virgílio disse que a decisão do partido foi política, mas que não vai recorrer.

- Mantenho a convicção de que não houve uma afronta regimental - afirmou.

O presidente do PT, José Genoino, disse que a decisão de suspendê-lo mostra ''consideração'' pelo deputado e, ao mesmo tempo, o princípio da unidade de ação do partido, já que Virgílio lançou candidatura avulsa à presidência da Câmara contrariando determinação do partido, que escolhera Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). A divisão é a provável causa da vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE).

- Tinha uma posição de expulsão do deputado Virgílio Guimarães e achamos correta a suspensão dos seus direitos partidários. Ele continua filiado ao PT por um ano - explicou José Genoino.

Ontem, um claro sinal de divisão no partido foi a inscrição, pela primeira vez, de seischapas para disputar com José Genoino a eleição à presidência da sigla. Tentando se fortalecer para a disputa contra o Campo Majoritário, as chapas encabeçadas por Plínio de Arruda Sampaio, Raul Pont e Valter Pomar tentaram se unir, mas não chegaram a um acordo.

Na reunião do Diretório Nacional ficou também claro que, para os governistas, a nova palavra de ordem é ''requalificar'' a base. O emprego do verbo surgiu depois de o partido ''orientar'' seus parlamentares a não assinarem o pedido de CPI dos Correios.

- Temos que requalificar nossa maioria política no Congresso - defendeu Genoino, para quem o termo significa ''ter agenda de unidade''.

Na noite de sábado, o diretório enumerou em sua resolução o que seria essa agenda. Nela, há desde a ''consolidação do crescimento econômico'' à conclusão da votação da reforma tributária. Genoino disse que é necessário ''fazer uma maioria basicamente em relação ao dia-a-dia do Legislativo''.