Título: Schröder pede para antecipar pleito
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/05/2005, Internacional, p. A12
Partido Social-Democrata, do chanceler, sofre derrota histórica em eleição regional no mais populoso estado do país
DUSSELDORF - O chanceler alemão, Gerhard Schröder, manifestou ontem a intenção de antecipar em um ano as eleições gerais no país, depois da derrota do partido Social-Democrata (SPD), do chefe do governo, nas eleições regionais no mais populoso estado do país, após 39 anos no poder.
As primeiras projeções para o pleito na Renânia do Norte-Vestefália, estado no oeste alemão, mostravam que os conservadores democratas-cristãos conseguiriam 44,8% dos votos contra 37,6% do partido de Schröder, o suficiente para ganhar o controle da região que os sociais-democratas têm governado desde 1966. As previsões acabaram se confirmando.
O resultado deve reverberar em Berlim, minando as chances do chanceler de conquistar um terceiro mandato no ano que vem.
- A decepção é enorme. Nós de jeito nenhum esperávamos isso. A tendência está clara. Perdemos as eleições. Vamos para a oposição e vamos nos reorganizar - disse Edgar Moron, líder do SPD no estado a uma TV alemã.
Schröder afirmou que a ''derrota amarga'' na Renânia do Norte-Vestefália ''põe em dúvida a base política necessária para a continuidade do trabalho''.
Para que o pleito seja realmente antecipado, o chanceler deverá conseguir a aprovação do Parlamento. O que significa que social-democratas e verdes, que têm a maioria na câmara, deverão pactuar a derrota. Depois, o presidente terá um prazo de 21 dias para dissolver o Parlamento.
Antigo reduto da social-democracia, o estado dominado pelas indústrias siderúrgica e do carvão vive tempos difíceis. O desemprego na região, que faz fronteira com a Holanda e a Bélgica, onde um em cinco alemães moram, atinge mais de um milhão. Eleitores responsabilizaram a polêmica reforma trabalhista de Schröder pelo problema.
Os resultados do pleito aumentam as chances da líder da União Democrática Cristã (CDU), Angela Merkel, concorrer contra o chanceler alemão pelo posto em 2006. A Alemanha nunca teve uma mulher como chefe de governo. Merkel comemorou ontem os números da eleição.
- Os eleitores demonstraram esperança no nosso partido e no futuro comandante do estado, Juergen Ruettgers, porque os problemas são muito grandes e eles querem de nós uma política que reduza o desemprego - disse.
A líder da Democracia Cristã também se mostrou favorável à antecipação das eleições gerais:
- Cada dia a menos sem um governo vermelho e verde será um bom dia para a Alemanha - declarou.
Outro dirigente da CDU, o chefe do governo regional de Hesse, Roland Koch, anunciou para hoje uma reunião da direção do partido para escolher o candidato democrata-cristão para o cargo de chanceler.
No SPD, a derrota deve aumentar a influência da esquerda do partido, que se opõe às reformas do governo. Outra possível consequência da derrota é a de haver uma reforma ministerial. Os ministros das Finanças e da Economia são alvos dos esquerdistas. Schröder também pode ter que abandonar um projeto de redução tarifária ou ainda aumentar o salário mínimo para todos os setores da economia.