Título: Recorde de vendas
Autor: Alexandre Fontoura e Ana Carolina Alves*
Fonte: Jornal do Brasil, 23/05/2005, RIo, p. A13

A Bienal Internacional do Rio, que terminou ontem, agradou tanto aos leitores, que passearam por 950 estandes e escolheram entre 95 eventos, quanto aos editores, que tiveram um lucro acima do esperado nas vendas. A maior edição da feira no Brasil atraiu mais de 630 mil visitantes, que elogiaram a variedade de eventos literários, divididos entre palestras, discussões e declamação de poesia, além da oportunidade de visitar o catálogo completo das editoras. Longe da ficção, porém, muitos criticaram o preço do estacionamento e da comida, além da distância da feira em relação ao centro da cidade. - Conseguimos atingir o objetivo dessa edição que era transformar a Bienal em um programa para toda a família, aumentando as opções culturais. Essa Bienal foi de um gigantismo peculiar, os convidados estrangeiros ficaram impressionados. Isso é ótimo para a auto-estima do Rio - afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNELL), Paulo Rocco.

Na edição passada da feira, em 2003, 560 mil visitantes visitaram os pavilhões do Riocentro. Cerca de 75% deles compraram alguma obra com um custo médio de R$ 21,90. Na Bienal deste ano os números surpreenderam: passaram pelos estandes das editoras 171 mil estudantes, que adquiriram cerca de 2,1 livros cada um, com o preço médio de R$ 4,5 . Das 460 mil pessoas restantes do público, 81% compraram cerca de cinco livros, gastando em média R$ 17,84 por obra. A preferência dos leitores se manteve em obras de ficção e autores nacionais. Os bons números podem ser atribuídos ao fato de que ir à Bienal é mais que um programa, mas uma imersão cultural que estimula o hábito da leitura. Como comprova Paula Porto, 19 anos, que passou por três bienais e reconhece que a feira ajudou a consolidar sua rotina como leitora.

- Não lia muito quando era adolescente, mas agora leio cada vez mais. Comprei livros de política e aproveitei para fazer duas assinaturas de revistas na feira - conta a estudante.

Entre os corredores da Bienal o público de saias foi maioria: 59% dos visitantes eram mulheres. A participação dos jovens entre 15 e 24 anos subiu de 30% para 45%. O tempo de permanência no Riocentro aumentou de 3 horas para três horas e 55 minutos. Os editores também comemoraram o volume de vendas. Nesta edição, já foram computados 2 milhões e 300 mil livros vendidos, um faturamento de R$ 41,5 milhões, 17 % a mais do que em 2003.

- Além das boas vendas, a Bienal é uma oportunidade única de manter contato direto com o público, incluindo autores que chegam com originais debaixo do braço. É ótimo para avaliar que publicações despertam o interesse e ver se há procura por livros fora do catálogo - detalhou o editor da Imago, Eduardo Salomão.

Sobraram elogios aos estandes, à programação cultural e a presença de 230 autores brasileiros e 24 estrangeiros. Mas não faltaram críticas aos preços e ao local da feira. As reclamações relativas à distância começaram entre os próprios convidados, e foram feitas durante as palestras. A escritora Lygia Bojunga afirmou que o Riocentro não é adequado à imersão literária e que a distância elitiza o evento. Boa parte do público concordou.