Título: Bush condena avanço da pesquisa genética
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/05/2005, Internacional ? Ciências, p. A8

Presidente reafirma veto a projetos que usem embriões

WASHINGTON - O presidente dos EUA, George W. Bush, condenou a obtenção de células-tronco a partir de embriões clonados, anunciada quinta-feira na Coréia do Sul, e deixou claro que vetará qualquer proposta que permita esse tipo de prática.

- Estou preocupado com um mundo em que a clonagem seja aceita - disse Bush, em resposta a uma pergunta sobre a experiência dos cientistas sul-coreanos que conseguiram isolar linhagens de células-tronco de embriões e adaptadas ao DNA de pacientes, um novo passo para o transplante dessas células em humanos.

Esse tipo de intervenção cirúrgica, na qual são utilizadas células-tronco embrionárias, ajudará a substituir células danificadas por doenças degenerativas e incuráveis, como o mal de Parkinson e o diabetes.

Bush, embora não tenha mencionado o caso de Seul, ressaltou que, se alguém faz uma proposta legislativa que elimine as restrições atuais, a vetará. Lembrou também que já comunicou ao Congresso sua rejeição a destinar dinheiro dos contribuintes ''para promover ciência que destrói a vida em lugar de salvá-la''.

Alguns legisladores já propuseram modificar as normas atuais e ampliar os fundos destinados a investigar as células-tronco embrionárias, como meio de agilizar a busca de tratamentos e curas de doenças, até agora, incuráveis. Bush, apoiado pelos setores mais conservadores e religiosos dos EUA, se nega a ampliar as 22 linhas permitidas para investigação, por supor a destruição de um ser vivo.

- As descobertas coreanas permitirão a pesquisa com células de pacientes que sofrem de diabetes juvenil, doença com um componente genético muito complexo. No entanto, a terapia com células-tronco ainda está muito longe - avaliou Anne McLaren, do departamento de pesquisa genética da Universidade de Cambridge.

Já as organizações de reflexões sobre a bioética condenaram ''a manipulação da vida humana''. Para elas, a técnica poderia ser usada no futuro para a produção de crianças idênticas a um ser humano já existente.

- As células-tronco nos prometem o tratamento de males terríveis. Mas o fim não justifica os meios, não se deve fabricar seres humanos para que sirvam de matéria-prima para outros - afirmou a associação Life, o maior grupo de defesa da vida do Reino Unido. - A pesquisa nada tem a ver com o desejo de curar. Trata-se de obter poder, de superar as barreiras morais, de obter um prêmio Nobel. É uma ciência fora de controle - destacou o grupo em um comunicado.