Título: Refundação bem-vinda
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/05/2005, Opinião, p. A10

Tisnado pela origem associada aos tempos nebulosos do regime militar, o Partido da Frente Liberal (PFL) merece enfáticos elogios pela realização do que chamou de ''Congresso da Refundação''. Caso a iniciativa não se resuma a uma ação de marketing, balizada por simples interesses eleitorais, a proposta de debater um novo plano de navegação partidária constitui um salto gigantesco para garantir-lhe nitidez ideológica e assegurar-lhe um avanço nacional mais substantivo. Se efetivarem um novo repertório de idéias e projetos políticos e econômicos, os pefelistas podem ajudar a recompor o gargalo da mediocridade atualmente incrustado no sistema partidário brasileiro. As intenções, reafirme-se, são louváveis. Há, porém, muito o que fazer para que isso de fato ocorra. O PFL, afinal, habituou-se a oferecer vasto espaço a políticos mais interessados nas próprias fronteiras eleitorais e demasiadamente fincados no Nordeste. Hoje, contudo, parece preocupado em assegurar a defesa de sólidos valores democráticos e construir uma base programática mais consistente - e, em especial, de abrangência nacional. Faz bem. Numericamente alcançou o patamar dos maiores partidos do país, mas encontrou dificuldades de se assumir como o autêntico partido liberal brasileiro. Vocacionado para o poder, resignou-se em muitos momentos a ser um figurante. Ao refundar-se, ajudará a romper a acefalia que costuma imperar entre os nossos partidos.