Título: Pressões européia e americana surtem efeito
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/05/2005, Economia & Negócios, p. A17
O governo chinês anunciou ontem que irá elevar as tarifas de exportação sobre 74 categorias de produtos têxteis a partir de 1º de junho, para amenizar as tensões com os EUA e a União Européia (UE) sobre a invasão dos produtos chineses nos dois mercados.
A tarifa para a maioria dos produtos passará para 1 yuan (US$ 0,12), contra os atuais 0,2 yuan (US$ 0,02). A tarifa em alguns produtos pode chegar a 4 yuan (US$ 0,48), segundo o governo chinês.
Em 1º de janeiro, expirou o sistema global de cotas dos EUA para produtos têxteis de países em desenvolvimento. Desde então, os produtos chineses passaram a ser taxados entre 0,2 e 0,3 yuan.
Representantes comerciais americanos e europeus alegam que as novas taxas, no entanto, não serão suficientes para fazer frente às vantagens do setor têxtil chinês, que conta com fábricas grandes e modernas e com mão-de-obra barata.
Na última quinta-feira, o governo americano anunciou que ampliaria o número de produtos têxteis na lista de cotas de importação de produtos da China, para proteger o setor têxtil americano. A nova lista conterá calças, camisas e fios, que não constavam da lista divulgada semana passada.
A Comissão Européia (o Executivo da UE) também procura implementar medidas de contenção para os têxteis chineses.
O ministro do Comércio da China, Bo Xilai, disse que, apesar do aumento das tarifas, o governo chinês não irá estimular voluntariamente limites para as exportações.
- Fazer isso significaria um desvio dos princípios básicos do acordo da Organização Mundial do Comércio sobre produtos têxteis e artigos de vestuário. Não devemos andar para trás - disse o ministro.
A discussão sobre exportações precipitou um debate mais intenso sobre a desvalorização artificial do yuan em relação ao dólar. O governo chinês mantém a moeda do país desvalorizada ante o dólar, o que prejudica a competição dos produtos americanos nos mercados mundiais.
O governo americano ameaçou, na terça-feira, a China com sanções, caso não adotasse medidas para deixar o câmbio flutuar nos próximos seis meses.
- Esse passo voluntário demonstra que a China está adotando uma abordagem construtiva e é sensível às dificuldades reais que a remoção das cotas trouxeram aos trabalhadores americanos - afirmou o presidente da Câmara Americana de Comércio na China, Charlie Martin.
Já para o presidente do Fed (Banco Central americano), Alan Greenspan, a valorização da moeda chinesa levará os consumidores americanos a pagar mais pelos produtos, o que impedirá a queda do déficit em conta corrente dos Estados Unidos. Para Greenspan, os importadores americanos vão simplesmente passar a comprar de outros países asiáticos que fabricam produtos baratos, como a Malásia e a Tailândia.
Com agências