Título: Novo comando para reavivar negócio
Autor: Aluisio Alves
Fonte: Jornal do Brasil, 21/05/2005, Economia & Negócios, p. A20

Vivo troca de presidente para reverter queda de 1,6 ponto de participação no mercado de telefonia móvel no primeiro trimestre

O executivo Roberto Lima, ex-Credicard e ex-Accor, é o novo presidente da Vivo, em substituição a Francisco Padinha, que volta para a Portugal Telecom, em Lisboa. Fernando Xavier Ferreira, presidente do grupo Telefônica no Brasil, ocupará o comando do conselho de administração, substituindo Felix Ivorra.

A troca de comando da Vivo, joint-venture entre a Portugal Telecom a Telefônica, ocorre em meio a um processo de perda de participação de mercado da companhia no Brasil. Segundo Ferreira, presidente da Telefônica e que passará a acumular posto de presidente do Conselho de Administração da Brasilcel, que controla a Vivo, o desafio da companhia agora será manter a participação de mercado sem perder rentabilidade.

De acordo com Ferreira, a nomeação de Roberto Oliveira de Lima para a presidência da Vivo visa equacionar essa questão.

- Ele tem experiência no setor de serviços, que será importante para essa etapa - disse.

O presidente mundial da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, disse que as mudanças anunciadas representam o fim de um ciclo da empresa no país, marcado pela arquitetura e construção da marca Vivo na região.

Costa evitou, no entanto, falar sobre qual a estratégia que será adotada pela joint-venture para reverter a perda de participação de mercado da companhia, mas assegurou o interesse em atuar de forma ativa no processo de crescimento da base de assinantes da telefonia móvel no Brasil.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Brasil fechou o mês de abril abril com 70,8 milhões de aparelhos em funcionamento. A base de clientes da Vivo cresceu 25,6% no primeiro trimestre de 2005, em relação à mesma etapa de 2004, mas o grupo registrou um declínio de 1,6 ponto percentual em participação no mesmo período. No caso da Telesp Celular, a principal controlada do grupo, a participação de mercado caiu de 62% para 54%.

Durante sua apresentação como novo presidente da Vivo, Roberto Oliveira Lima silenciou sobre seus planos para a companhia, cujo comando assumirá em 1º de julho. Questionado a respeito, o executivo limitou-se a dizer que sua contratação foi efetivada na última quinta-feira.

- Estou há apenas meia hora na Vivo - disse.

Já Costa alegou que o silêncio se devia à falta de tempo hábil para se discutir os planos de Lima para a Vivo.

Horas depois da coletiva, a assessoria de imprensa da Vivo divulgou uma nota, na qual Lima se diz honrado com a escolha e manifesta compromisso com o crescimento rentável da companhia.

''Quando assumir a liderança desta empresa, darei continuidade ao excelente trabalho realizado por Francisco Padinha e sua equipe'', diz trecho da nota.

Durante o evento, Costa negou, ainda, que Portugal Telecom e Telefônica estivessem em rota de colisão.

- A parceria não poderia estar melhor - afirmou Costa.

- Nossas relações estão excelentes e continuarão excelentes - disse o presidente da Telefônica, César Alierta.

O governo português recentemente se mostrou contrário à proposta da administração da Portugal Telecom de permitir que a Telefônica aumente sua participação na companhia dos atuais 9,78% para além de 10% do capital. O argumento é que o estatuto da companhia portuguesa proíbe que um acionista em atividade concorrente tenha mais de 10% das ações.

De acordo com Costa, a presença de ambos no anúncio da troca de comando da Vivo mostra o bom nível de relacionamento das empresas.