Título: Nas mãos de Roriz, o reajuste das passagens
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 21/05/2005, Brasília, p. D1

Maior tarifa pode chegar a R$ 3,50 e, a menor, a R$ 1,60

Depois da quarta reunião de conciliação, realizada ontem na Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região, rodoviários e empresários não chegaram a um acordo que possa reverter a possibilidade de greve. Os rodoviários pedem reajuste de 17,72% nos salários e manutenção dos tíquetes de alimentação e da cesta básica. Os empresários oferecem reajuste de 14% nos salários, tíquete de alimentação e cesta básica, desde que o Governo do DF aprove um reajuste de 41,81% nas tarifas. Com o reajuste, o valor da maior tarifa pode aumentar de R$ 2,50 para R$ 3,50. As demais poderão passar de R$ 1,20 para R$ 1,60 e a de R$ 1,60 para R$ 2,50. Amanhã, os rodoviários se reúnem em assembléia para decidir se mantêm o acordo de não deflagrar greve até o próximo dia 27.

- Podemos decidir pela greve no domingo - afirma o presidente do Sindicato dos Rodoviários do DF (Sittitrater), João Osório da Silva.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do DF (Setransp), Wagner Canhedo, entregou ao secretário-adjunto de Transportes, Januário Élcio Lourenço, as planilhas de custo e a proposta de reajuste, na última quinta-feira. Para esta segunda-feira, está prevista uma reunião da secretaria com o governador Joaquim Roriz, para analisar a proposta de reajuste.

Uma nova audiência de conciliação, com a presença de rodoviários e empresários, ficou marcada para a próxima terça-feira. Canhedo espera levar para a reunião uma resposta do governo sobre a proposta de aumento das passagens.

Segundo o presidente da Setransp, uma alternativa para reduzir o reajuste das tarifas seria o governo combater o transporte clandestino. Com isso, o número de passageiros do transporte convencional aumentaria. Canhedo acrescenta que seria necessário um acréscimo de cinco milhões de passageiros, por mês, para as empresas voltarem a ter equilíbrio financeiro.

O presidente do Setransp calcula que uma greve poderia gerar um prejuízo de R$ 500 milhões, por dia, aos empresários de ônibus. Osório contesta e prevê um prejuízo de R$ 1 milhão, já que a tarifa média de R$ 2 é paga por cerca de 500 mil passageiros, por dia.

Confusão -A rodoviária parou por 40 minutos, na tarde de ontem, devido a um tumulto entre rodoviários e um cobrador de transporte alternativo. Os rodoviários bloquearam as saídas com ônibus, porque o despachante Edson Pereira da Silva havia sido levado pela Polícia Militar para esclarecer a confusão. O cobrador, que não quis dar entrevista, havia acusado o despachante de agressão, mas depois voltou atrás, e disse não reconhecer mais quem o agrediu. O motivo da briga foi porque o cobrador estaria chamando passageiros das filhas dos ônibus convencionais para optarem pelas vans.