Título: Polícia prende 74 por fraude em concurso público
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/05/2005, País, p. A5

Funcionários do Tribunal de Justiça estão entre os detidos na Operação Galileu

BRASÍLIA - A Polícia Civil de Brasília prendeu 74 pessoas acusadas de participar de um esquema de fraude no concurso público para o cargo de agente penitenciário federal na chamada Operação Galileu. As prisões foram feitas domingo e ontem. Há mais 30 mandados de prisão a serem cumpridos, sendo 12 no DF e o restante em outros Estados. Entre os presos estão funcionários do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, além de policiais militares. O acusado de liderar o grupo é servidor do tribunal, mas está foragido. A polícia suspeita ainda que a quadrilha venha atuando em, pelo menos, 12 concursos de várias áreas e estados nos últimos nove anos. As investigações trabalham com a possibilidade de ramificações no Piauí, Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Mato Grosso.

A maior parte das provas foi elaborada pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), ligado à Universidade de Brasília, o que levantou a possibilidade de haver funcionários do órgão no esquema. A diretora-geral do órgão, Romilda Macarini, disse ontem desconhecer qualquer tipo de indício de irregularidade.

- Os concursos realizados pelo Cespe foram na mais perfeita legalidade. Sempre trabalhamos em conjunto com a polícia. Ainda mais no caso de um concurso de agente penitenciário, com cargo de visibilidade e que acaba sendo cobiçado - garantiu.

O Ministério da Justiça, que contratou o Cespe para a seleção dos agentes, informou que vai aguardar as investigações da polícia para decidir se anula ou não o concurso. A prova transcorreu normalmente no domingo, segundo Macarini, apesar de vários acusados de terem sido presos no local do exame.

A data do exame já havia sido adiada em abril por ''questões técnicas'', de acordo com a diretora-geral do Cespe. Em nota, o órgão informou que há cerca de 45 dias tomou conhecimento da possibilidade de fraude e tomou providências para coibi-la junto com a Polícia Federal.

De acordo com as investigações, que começaram no final do ano passado em outro concurso público, os candidatos pagariam até 20 vezes o valor do cargo pretendido em troca de aprovação.

Pelos cálculos da polícia, a quadrilha poderia receber nessa seleção entre R$ 1,5 milhão e R$ 2,6 milhões, já que 52 candidatos teriam acertado com o grupo. Segundo a polícia, em troca do pagamento, os inscritos teriam três opções: receber os resultados da prova antecipadamente, por meio de equipamentos eletrônicos ou ainda podiam ter os nomes incluídos na lista de aprovados.

Foram 50.076 inscritos para 368 vagas, o que corresponde a uma concorrência de 136 candidatos por vaga. O salário, de acordo com o órgão, está previsto em R$ 2.627,87. Os aprovados no concurso vão trabalhar nos presídios federais, que serão construídos em Campo Grande (MS), Catanduva (SP) e Cuiabá (MT).

Folhapress