Título: Bando pode estar a serviço do crime organizado
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 24/05/2005, Brasília, p. D4

A polícia suspeita do envolvimento do crime organizado no esquema de fraudes. Por concurso, as irregularidades geravam de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões e estariam sendo feitas desde 2000. No escritório de um dos detidos, o oficial da reserva, Ricardo Emílio Espósito, foram encontrados R$ 32 mil e U$ 48 mil, em espécie. Os 23 suspeitos de liderarem o esquema serão acusados de estelionato, corrupção ativa e formação de quadrilha e poderão ficar até 20 anos presos. Segundo as investigações, o líder da quadrilha, Hélio Garcia Ortiz, conseguia os nomes dos candidatos inscritos nos concursos e repassava a lista para os recrutadores. A partir daí, os candidatos eram abordados com a proposta da garantia de vaga no concurso.

O preço e a maneira como a fraude era feita, variavam. Os candidatos pagavam em média R$ 30 mil para receberem os gabaritos da prova ou terem o nome incluído na lista de aprovados. Alguns chegaram a pagar 20 vezes o valor do salário oferecido pelo cargo. Como o valor era alto, a polícia acredita que o crime organizado pagava para infiltrar pessoas no serviço público.

A princípio, a polícia investiga apenas os concursos, mas a hipótese de fraude nos vestibulares não foi descartada. O Ministério da Justiça ainda está analisando a hipótese de cancelar a prova para Agente Penitenciário Federal realizada no último domingo. Alguns dos acusados presos foram abordados dentro das salas de aula, durante a realização das mesmas. (SC)