Título: Tim Lopes foi executado
Autor: Ana Paula Verly e Duilo Victor
Fonte: Jornal do Brasil, 25/05/2005, Rio, p. A15
O jornalista Tim Lopes, 51 anos, desapareceu no dia 2 de junho de 2002 depois de ter sido visto pela última vez quando entrava na Favela Vila Cruzeiro, na Penha. Ele ia terminar uma reportagem sobre um baile funk, que seria financiado com o dinheiro do tráfico de drogas e onde haveria exploração sexual de menores. Ganhador do Prêmio Esso em dezembro de 2001, Tim Lopes já havia estado outras quatro vezes na favela. No dia 3 de junho, ele chegou por volta das 20h e pediu que o motorista o buscasse entre 21h30 e 22h. No dia 3 de junho, policiais da 22ª DP (Penha), onde foi registrado o desaparecimento do repórter, começaram as buscas na favela, que era controlada pelo traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, um dos chefes do Comando Vermelho (CV).
De acordo com as investigações, Elias Maluco teria ordenado a morte do jornalista. No dia 9 de junho, o então chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, confirmou o assassinato de Tim. A confirmação da execução do repórter veio com a prisão de dois integrantes da quadrilha do traficante Elias Maluco, no Morro da Caixa D'Água, próximo à Vila. Segundo o depoimento de Fernando da Silva, o Frei, foi o próprio Elias Maluco quem assassinou Tim. Ele contou também que Tim foi capturado na Rua 8, onde o baile da Vila Cruzeiro é realizado, e levado à presença de Elias Maluco, na Favela da Grota, no Complexo do Alemão. Lá, quatro bandidos se reuniram para sentenciar a morte do repórter, que chegou a se identificar como jornalista. Tim foi torturado e queimado.
Ao saber da morte de Tim, entidades internacionais como a Sociedade Interamericana de Imprensa e a organização mundial Repórteres Sem Fronteiras prestaram solidariedade à família. O então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, declarou que o crime ''causa indignação a todos os brasileiros''.
Em 14 de junho, a polícia prendeu Ângelo da Silva, que confessou ter dirigido o carro que transportou o jornalista Tim Lopes até a Favela da Grota. Mais de um mês depois da morte de Tim, a polícia localizou fragmentos do corpo do jornalista na Grota.
Em agosto, o Ministério Público pediu a prisão dos nove acusados, entre eles, Elias Maluco, preso em setembro.