Título: Mercadante ataca meta de inflação
Autor: Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 25/05/2005, Economia & Negócios, p. A17

Senador defende alvo de 5,1%, e não 4,5%, em 2006

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu ontem o aumento da meta de inflação para 2006 de 4,5% para, pelo menos, 5,1%, mantida a margem de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Em junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidirá se ratifica ou altera a meta de 4,5% para 2006 e estabelecerá o índice a ser perseguido em 2007. Mercadante formalizou a proposta durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que ratificou a indicação de Alexandre Tombini para a diretoria de Estudos Especiais do Banco Central.

O senador conta com o apoio do setor produtivo e de outros integrantes do governo, como o vice-presidente da República, José Alencar, o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega. A idéia é adotar uma meta que garanta a redução da inflação, mas de forma gradual, e não em uma tacada apenas, para não tolher o crescimento. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não vêem com bons olhos a iniciativa.

- Não vejo vantagem de se ter um pouco mais de crescimento com um pouco mais de inflação - disse Palocci, em Seul, na Coréia, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A meta de inflação sugerida por Mercadante para 2006, de 5,1% conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é a mesma perseguida neste ano. Para atingir o alvo deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou nos últimos nove meses a taxa básica de juros da economia, que está em 19,75% ao ano.

- A pressão da política monetária prejudica o nível das exportações e do crédito - afirmou Mercadante.

A proposta do líder do PT foi elogiada por dois representantes da oposição, os senadores Rodolpho Tourinho (PFL-BA) e Sérgio Guerra (PSDB-PE). Mas não entusiasmou Tombini. Na sabatina que aprovou seu nome na CAE, o novo diretor do BC sustentou que o aumento da meta provocaria elevação da expectativa de inflação.

- Qualquer tolerância psicológica a índices maiores que os atuais criaria um clima desnecessário - concordou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).