Título: Câmbio ajuda, mas não anima o BC
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 25/05/2005, Economia & Negócios / Informe Econômico, p. A18

Com o dólar no menor patamar em três anos e a inflação dentro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional, o Banco Central está desperdiçando oportunidade de ouro para reduzir os juros. A avaliação não é de nenhum oposicionista renitente, mas sim do economista João Carlos Gomes, da Fecomércio-RJ, uma das cinco instituições que mais acertam as previsões de inflação contidas no boletim Focus, publicado semanalmente pelo próprio BC. Os manuais de economia, lembra Gomes, recomendam elevação de juros sempre que há pressão sobre os índices de preços. Mas os mesmos livros mandam relaxar a política monetária quando a inflação dá trégua. É o caso atual, sustenta.

- Não existe pressão inflacionária. O IPCA do mês passado atingiu 0,87%, mas veio carregado com aumentos de energia elétrica, passagem de ônibus e alimentos, devido à quebra da safra. A maior parte da alta é dos preços administrados e, contra isso, elevar juros é ineficaz - alerta.

Hoje sai o IPCA-15, espécie de trailer do índice que orienta o sistema de metas de inflação. A expectativa de Gomes é de que permaneça alto, ainda por conta da influência de aumentos de tarifas. Para maio, porém, o economista prevê IPCA abaixo de 0,6% e, para junho, entre 0,3% e 0,4% - compatível, portanto, com o alvo fixado pelo governo para este ano, de 5,1%, com 2,5 pontos de margem de erro.

O curioso é que, com o recuo no câmbio, a projeção média do mercado para o IPCA deste ano já supera a do IGP-DI, índice que corrige as tarifas de telefonia, por exemplo. Se a troca tentada pelo ex-ministro Miro Teixeira, no ano passado, tivesse vingado, o consumidor ia acabar pagando mais.

Piratas, nós?