Título: Lula negocia US$ 4 bi na Coréia
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Fonte: Jornal do Brasil, 25/05/2005, Economia & Negócios, p. A19

Depois de celebrar acordos no país, comitiva segue para o Japão, onde tentará atrair outros US$ 2 bi em investimentos

Grupos empresariais e instituições coreanas e brasileiras assinaram contratos que podem resultar em investimentos de até US$ 4 bilhões no Brasil nos próximos anos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de cerimônia, em Seul, em que parcerias foram celebradas. Só a Vale do Rio Doce assinou dois acordos para realizar estudos de viabilidade para a instalação de duas siderúrgicas no Brasil. A estatal Eletrobrás e a empresa coreana Kepco firmaram convênio para negociar um investimento coreano de US$ 1,5 bilhão em diversos projetos da área de energia elétrica no Brasil, incluindo geração, transmissão e distribuição de energia.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil assinaram com bancos coreanos, o Exchange Bank e o Eximbank, um compromisso de manter intercâmbio de informações e experiências entre essas instituições.

Já a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) assinou um protocolo de intenções com sua similar coreana, a Kotra, além de um contrato para execução de pesquisa de mercado para a empresa Synovate.

No Japão, outros 13 negócios prometem atrair mais US$ 2 bilhões para o país.

Durante o seminário Brasil-Coréia: Oportunidades de Comércio e Investimento, Lula traçou um panorama positivo da economia brasileira.

- A economia brasileira vive um momento especial. Lançamos as bases para um longo ciclo de crescimento - disse.

Lula e os ministros que o acompanham, sobretudo Antonio Palocci (Fazenda) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), defenderam a idéia de que o Brasil está criando condições para manter o crescimento sustentado por um período de 10 a 20 anos.

Um ambiente de crescimento sustentado pode ser favorável aos investimentos estrangeiros, inclusive de longo prazo, como na infra-estrutura.

Lula lembrou que os coreanos já mantêm investimentos importantes no Brasil em setores como eletricidade, transportes, comunicações, construção e na indústria automobilística e pediu mais parcerias em setores como a construção de navios e os eletrônicos.

O presidente destacou ainda a possibilidade de o Brasil exportar etanol para a Coréia do Sul, para ser usado como aditivo na gasolina.

- Juntamente com o biodiesel, o etanol permitirá à Coréia do Sul diversificar sua matriz energética e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases - afirmou Lula.

Num momento de descontração, o presidente fez uma brincadeira com o fato de não ter o dedo mínimo da mão esquerda, perdido num acidente de trabalho quando era metalúrgico, durante uma solenidade cheia de simbolismo em Seul, capital coreana.

O presidente ofereceu um arranjo floral no Memorial Nacional da Coréia do Sul, que homenageia mortos em conflitos do país. Para fazer a oferenda, recebeu luvas brancas. ''Não vai dar para encher, não'', brincou Lula ao receber as luvas. A primeira-dama, Marisa Letícia, chegou a pegar na mão do presidente pelo dedo vazio da luva.

Lula ouviu os conselhos do presidente Samsung, Yun Jong-Yong, a maior empresa de eletrônicos da Coréia do Sul. Foram quatro e bem diretas as dicas para o Brasil: 1) acabar com a guerra fiscal entre os Estados; 2) nivelar os seus incentivos fiscais com os de outros países; 3) dar estabilidade às regras do jogo comercial, reprimindo o contrabando e 4) reduzir a burocracia.

Em seguida, o presidente encontrou-se com Si-Bum Kim, responsável pela publicação das revistas em quadrinhos da Turma da Mônica na Coréia.