Título: Preso o líder da máfia dos concursos
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 25/05/2005, Brasília, p. D1

Prisão do técnico judiciário Hélio Ortiz poderá levar a Polícia Civil aos demais integrantes da quadrilha que vendia gabaritos O técnico judiciário Hélio Ortiz confessou ontem ser o líder da quadrilha que fraudava concursos públicos no Distrito Federal. Ortiz se entrgou por volta de meio-dia, depois de uma negociação entre seus advogados e a polícia. Segundo o diretor geral da Polícia Civil, Laerte Bessa, Ortiz foi preso em um hotel de Taguatinga e levado para a Delegacia de Crimes Organizados, onde prestou depoimento. - Ele se entregou depois de muita negociação e se mostrou disposto a ajudar nas investigações - disse Bessa.

Ortiz será indiciado por estelionato, pelo qual poderá cumprir pena de até 5 anos, e formação de quadrilha, cuja punição varia de 1 a 3 anos de reclusão e, possivelmente, por corrupção ativa, pena máxima de 12 anos. A pena pode ser reduzida em até 2/3 porque Ortiz se entregou e não se recusou colaborar com as investigações policiais.

No último domingo, Ortiz foi perseguido por policiais no Park Way, onde tem uma casa na quadra 4. Ele teria sido informado da Operação Galileu e tentou fugir com a mulher, Edina de Castro Ortiz. Na quadra 15, Ortiz abandonou o carro e entrou no matagal, deixando Edna para trás. Edna foi alcançada pelos policiais e presa. Ortiz teria ido ainda no domingo para o hotel em Taguatinga, onde contactou seus advogados.

Desde o início da Operação Galileu, Hélio Ortiz era apontado como líder da quadrilha. Seu nome foi indicado em mais de 14 depoimentos ouvidos ontem pela polícia.

Técnico judiciário do Tribunal de Justiça do DF desde 1984, Hélio trabalhava desde 2003 como secretário palamentar na Câmera Federal. Além da mulher de Ortiz, sua filha, Carolina Garcia Ortiz, também foi presa no último domingo, ambas acusadas de participar do esquema de fraude.

O autônomo Waldir Luís França também se entregou à polícia ontem. França era apontado como um dos recrutadores da quadrilha, responsável por oferecer gabaritos a candidatos dos concursos. Fontes da polícia civil apontaram que Hidelbrando da Rocha também teria sido preso. A prisão não foi confirmada oficialmente.

A Operação Galileu deflagrou um esquema de fraudes em cerca de 10 concursos, 8 deles realizados pelo Cespe. Com as prisões de ontem, a polícia já prendeu 83 pessoas desde domingo passado, entre funcionários públicos, policiais e candidatos acusados de ter pagado R$ 30 mil pelo gabarito das provas. Dos 104 mandados de prisão expedidos, 21 ainda não foram cumpridos. A polícia liberou ontem 36 pessoas que estavam presas.

Dois integrantes do chamado núcleo da quadrilha ainda são procurados, o secretário de Educação de Valparaíso (GO), major Bonaldo Barbosa de Souza e sua mulher Elizabeth Barbosa.