Título: Campanha em defesa de Paulo Octávio
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 25/05/2005, Brasília, p. D3

Movimento, na Internet, está sendo liderado pela mulher do senador

Uma corrente - mensagem encaminhada por e-mail a várias pessoas ao mesmo tempo - intitulada Em defesa da verdade, em defesa de Brasília começou a circular ontem pela internet. Assinada por ''amigos e amigas'' do senador Paulo Octávio (PFL), o texto faz a defesa do empresário acusado pelo Ministério Público Federal de apropriação indevida de recursos provenientes de um Fundo de Investimento Imobiliário criado em 1998 para a construção de 696 apartamentos na SQN 311. De acordo com a mensagem, as denúncias feitas só agora, seis anos após o ocorrido, têm a ''nítida intenção difamatória para o momento'' e visam ''atingir e alterar o futuro, uma vez que Paulo Octávio é pré-candidato ao GDF''. Ana Christina Kubitschek, esposa do senador, encabeça o movimento que, segundo ela, é uma manifestação de indignação.

- Estamos colaborando para dar o esclarecimento sobre esta história que a imprensa não deu - afirmou Ana.

Os autores da mensagem pedem ainda aos leitores que ''acreditam em Paulo Octávio como uma nova forma de fazer política no DF, sem radicalismos, com conciliação, de forma transparente e ética, que se levantem e não impeçam que a cidade tenha, ao menos, a possibilidade de conhecer suas propostas, seus projetos e seu dinamismo''.

Na segunda-feira, Paulo Octávio subiu à tribuna do Senado para se defender das acusações feitas pelos procuradores da República Carlos Henrique Martins e Lauro Pinto Cardoso, que apresentaram um relatório ao procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, pedindo que este ofereça ao Supremo Tribunal Federal denúncia contra o senador por crimes contra o sistema financeiro.

Paulo Octávio ressaltou que o fundo de investimentos era constituído por empresas privadas, e sem envolvimento de dinheiro público.

- Os negócios da minha empresa são geridos por executivos contratados. Estou profissionalmente delas afastado desde dezembro de 1998, como registrado na Junta Comercial do DF - o senador da tribuna.

O senador garantiu que a construção da Quadra Parque 311 Norte não contou ''com um centavo sequer'' de dinheiro público. Em contrapartida, ele afirma que todos os parceiros envolvidos no projeto estão satisfeitos com o resultado.

Paulo Octávio qualificou de ''erro crasso'' o documento que o acusa de ter assinado o contrato, em 1998.

- Assinei e poderia ter assinado, pois em 1998 eu não era parlamentar. Fui deputado federal de 1991 a 1995 e cumpri um segundo mandato de 1999 a 2002 - observou o senador.

A investigação do MPF durou oito meses e aponta 39 pessoas envolvidas no suposto esquema que teria trazido um prejuízo de R$ 56 milhões ao fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (Funcef) e ao consórcio dos cotistas. Além da Funcef, eram cotistas no fundo de investimento as construtoras Paulo Octávio e Conbral. Em nota à imprensa, as duas empresas e a RV Construtora, também contratada para realizar as obras, garantem que a Funcef vendeu terrenos por preço acima da avaliação de mercado da época e adquiriu cotas do fundo, aplicando R$ 6 milhões e recebendo cerca de R$ 21 milhões a título de retorno do investimento, não havendo assim ''qualquer prejuízo ou superfaturamento''.

- A criação do fundo, assim como a sua gestão, são objeto de constantes fiscalizações da Comissão de Valores Imobiliários (CVM). Paralelamente, são realizadas auditorias semestrais pela Price Waterhouse e os balanços são publicados a cada seis meses. Em momento algum foi detectada qualquer irregularidade - afirma a nota.