Título: Osório se diz ''estarrecido'' com Marinho
Autor: hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 26/05/2005, País, p. A2
BRASÍLIA - O advogado Clementino Contreras - que defende o ex-diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório Batista - não acredita em punição da Justiça contra seu cliente, por envolvimento com o esquema de corrupção nos Correios. Antônio Osório prestou depoimento ontem na Polícia Federal e negou a existência de esquema criado pelo deputado Roberto Jefferson dentro dos Correios.
- A defesa vai ser facílima. Não há nenhuma prova - afirmou Contreras.
Para o advogado, a defesa de Osório será mais fácil do que a de Maurício Marinho, o ex-chefe do Departamento de Contratações, filmado recebendo propina. Marinho era subordinado de Osório.
- A defesa do Marinho não é tão fácil quanto a do doutor Antônio Osório - explica o advogado.
A Justiça Federal negou o pedido de prisão temporária dos três principais envolvidos com o escândalo de corrupção esta semana. A Polícia Federal vai cruzar nos próximos dias todas as informações levantadas até agora com a documentação e programas de computadores recolhidos durante as buscas e apreensões.
Acompanhado da filha, a advogada Joana Paula Gonçalves, Antônio Osório ficou cerca de seis horas prestando depoimento na PF. Ele não foi indiciado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha.
Osório disse ter ficado ''estarrecido'' ao ver seu subordinado Marinho embolsando a propina, no vídeo exibido pela televisão. Ele afirmou também que ficou muito chateado pelo envolvimento de seu nome no suposto esquema. Mesmo assim, ele elogiou Marinho, já indiciado por corrupção passiva e fraude à licitação.
- Nomeei um excelente profissional, competente, que tem serviços prestados aos Correios - disse Osório.
Na fita gravada por empresários, Osório foi citado pelo ex-chefe do departamento de Contratação e Administração de Materiais dos Correios Maurício Marinho, como uma das pessoas ''chave'' do suposto esquema que envolveria Jefferson. Ainda na fita, Marinho disse que ele, Osório e o ex-assessor da diretoria de Administração dos Correios Fernando Leite de Godoy (que prestou depoimento ontem) trabalhavam ''fechados''.
Segundo o advogado de Osório, Clementino Humberto, sua defesa será ''facílima'' porque ele não tem nenhum envolvimento no suposto caso de corrupção.
O ex-diretor de Administração disse ter sugerido ao delegado a abertura do sigilo bancário e fiscal. Ele insistiu que a polícia puna ''os culpados'' por eventual esquema de corrupção dentro dos Correios. Filiado ao PTB de Roberto Jefferson, Osório afirmou que conhece o deputado desde 1982 e garante que jamais o parlamentar pediu que cobrasse propinas de empresários para participarem de licitações.
- Ele nunca me pediu isso - disse Osório.
O ex-diretor de Administração garantiu que quer tudo apurado. Mas ao ser indagado sobre a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso para investigar o esquema de corrupção, Osório não deu o mesmo apoio.
- Isso não é problema meu. Isso é problema do Legislativo - disse Osório.