Título: Na Coréia, Lula conversa com ministros sobre CPI
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 26/05/2005, País, p. A4

Presidente afirma que ainda não é hora de fazer reforma ministerial

BRASÍLIA - Mesmo estando fora do país, em viagem pela Coréia do Sul e Japão, com fuso horário de 12 horas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou manter-se informado sobre o andamento da operação governista para impedir a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. Por telefone, Lula conversou com parlamentares e ministros. O chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, foi um dos interlocutores.

Lula assegurou que serão rigorosas e isentas as investigações em curso sobre as supostas irregularidades praticadas nos Correios.

Em conversas com ministros do núcleo político do Palácio do Planalto o presidente também descartou a possibilidade de promover uma reforma ministerial.

No início da noite, circulou uma versão no Planalto de que, deprimido por ver o seu nome associado à corrupção, o presidente ficaria satisfeito, se, na próxima semana, alguns nomes do primeiro escalão pedissem demissão. Entre eles, o ministro da Previdência Social, Romero Jucá, e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, ambos envolvidos em denúncias de supostas irregularidades. Lula aproveitaria a ocasião para anunciar a saída de Aldo Rebelo da Coordenação Política.

De acordo com um ministro, o presidente não pretende fazer uma reforma ministerial agora pois iria transmitir a impressão de que o governo, caso conseguisse sepultar o inquérito sobre os Correios, teria rifado a investigação em troca de vagas na Esplanada.

Lula teria sinalizado que não ficaria surpreso se Jucá e Meirelles entregassem os cargos nos próximos dias em função dos inquéritos contra os dois instaurados pelo Supremo Tribunal Federal.

Na próxima segunda-feira, Lula pretende discutir os desdobramentos da operação anti-CPI na reunião da coordenação política do governo.

O inquérito contra Jucá foi aberto pelo Supremo a pedido procurador-geral da República, Claudio Fontelles. Segundo a Procuradoria Geral da República, o pedido pretende apurar o empréstimo do Banco da Amazônia (Basa) a Jucá e foi baseado em representação da Procuradoria de Roraima. Já o inquérito contra Meirelles para apurar denúncias de remesse ilegal de dinheiro para o exterior e sonegação fiscal foi instaurado no último dia 12.