Título: Ministro defende saída de petistas que apoiaram CPI
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/05/2005, Brasil, p. A2

José Dirceu diz que lugar de quem não está com o governo é na oposição

O fracasso do governo para tentar barrar a CPI dos Correios vai ter conseqüências. Pelo menos para os petistas que mantiveram suas assinaturas no pedido de abertura de CPI para apurar o escândalo. A primeira mostra do que vem pela frente foi dada ontem pelo próprio ministro chefe da Casa Cilvil, José Dirceu: - Quem faz oposição ao governo deve ir para a oposição. Deve procurar outro partido - rechaçou o ministro.

Dos 14 deputados do PT que assinaram a CPI dos Correios, dois devem se livrar de uma possível punição: Antonio Carlos Biscaia (RJ) e Virgílio Guimarães (MG) que tinham entregue ao líder Arlindo Chinaglia documento em que desistiam do apoio à CPI. Os demais podem ser punidos: Os deputados Chico Alencar (RJ), Doutor Rosinha (PR), Doutora Clair (PR), Gilmar Machado (MG), Ivan Valente (SP), João Alfredo (CE), Maria José Maninha (DF), Mauro Passos (SC), Nazareno Fonteles (PI), Orlando Fantazzini (SP), Paulo Rubem Santiago (PE) e Walter Pinheiro (BA). O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi o único petista no Senado a apoiar a CPI dos Correios.

Ontem, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), pediu punição para os deputados petistas que assinaram o pedido de CPI.

O presidente nacional do PT, José Genoino, demonstrou também seu descontentamento, mas preferiu não ser tão objetivo ao falar em punições. Para Genoino, os parlamentares que assinaram o pedido da CPI dos Correios são aliados do PSDB e do PFL e oposicionistas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

- Eles preferiram uma aliança com o PFL e o PSDB. São caudatários de uma aliança entre o PFL e o PSDB. Escolheram o caminho de se distanciar, de fazer oposição ao governo, de construir um núcleo próprio, separado da bancada. Sabemos agora quantos deputados da bancada do PT apóiam o governo - afirmou Genoino.

Questionado a respeito de uma eventual punição aos petistas dissidentes, Genoino afirmou que o assunto não está na agenda. Mas afirmou: - Eles escolheram um caminho unilateral, de dissidência e desrespeito ao partido, à bancada e ao governo. Não sei o que vão fazer. Aí, não é comigo. Não vou transformá-los em vítimas. A vítima, neste caso, é o desrespeito à decisão do Diretório Nacional, à maioria da bancada e ao governo. Foram eles que escolheram um caminho - disse Genoino, que esteve em Porto Alegre para participar do lançamento da candidatura do deputado estadual Estilac Xavier à presidência estadual do PT.

Em razão do comportamento dos petistas dissidentes, Genoino disse não ser possível culpar aliados de outros partidos que apoiaram a CPI. Segundo ele, não foi dado o exemplo da unanimidade no próprio PT.

- Criaram [os petistas]um constrangimento para nossos aliados - disse demonstrando contrariedade especialmente em relação ao comportamento de Suplicy.

Genoino afirmou que o senador paulista assumiu o compromisso de defender a resolução do Diretório Nacional, assumiu um documento com a bancada, de que não faria nada sozinho. Sobre o fato de o senador Suplicy ter dito que corria o risco de não ser o candidato petista ao Senado por São Paulo, em 2006, o presidente do PT garantiu que ele está projetando ''coisa que ninguém discutiu''.