Título: Comércio amarga estabilidade nas vendas
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 26/05/2005, Brasília, p. D4

As vendas do comércio no DF indicaram estabilidade em abril, com acréscimo de 0,13% na comparação com março desse ano. Entretanto, na comparação com o mesmo mês de 2004, houve aumento de 22,1%, segundo a pesquisa conjuntural da Federação do Comércio do DF (Fecomércio), divulgada ontem. De acordo com o economista da Fecomércio, Raul Velloso, esse crescimento é explicado porque as vendas dos primeiros meses de 2004 apresentaram baixa. - A base de comparação do ano passado estava muito baixo, então as comparações ano contra ano mostraram taxas elevadas - afirma Velloso.

Segundo Velloso, os aumentos da taxa básica de juros, Selic, fixada todos os meses pelo Banco Central, gerará desaquecimento nas vendas até o final do semestre. A Selic está em 19,75% e subiu nove vezes consecutivas.

- O crescimento está cada vez menor. Ainda há uma resistência à redução do consumo - afirma.

Para o economista, o aumento da oferta de crédito do mercado, por meio dos empréstimos com consignação em folha de pagamento ainda está estimulando o consumo principalmente de bens não-duráveis. Entretanto, Velloso prevê que o efeito dos empréstimos será reduzido.

- Para o comércio o crédito é bom inicialmente, mas depois o quadro pode se reverter, porque as pessoas não terão mais renda para comprar - acrescenta o presidente da Fecomércio, Adelmir Santana.

Os segmentos que apresentaram desempenho positivo nas vendas foram materiais esportivos, com 23,14%, seguidos por instrumentos musicais e CDs (13,57%) e farmácias e perfumarias (4,84%). Entre os que registraram índice negativo estão utilidades domésticas, com queda de 15,74% e produtos alimentícios e de informática com redução 11,20% e 10,33%, respectivamente.

O gerente de uma loja de artigos esportivos, André Nobre, afirma que as vendas em abril cresceram 22%, em relação ao mês anterior.

- Esperávamos um resultado melhor. E nesse mês de maio, as vendas não foram tão fortes. Devem ficar abaixo de 20% - afirma o gerente.

Na hora de pagar, os brasilienses preferiram às formas à vista, o que representou 54,80% do montante de vendas, contra 42,81%, em março. O cartão de crédito representou 15,45%, o financiamento registrou 17,52% e cheque pré-datado, 11,68%. No item inadimplência, o índice registrado em abril foi de 5,09%, representando alta em relação a março, quando foi 4,73%. O nível de emprego no comércio apresentou leve queda de 0,35%.

O setor de prestação de serviços apresentou alta de 0,5% em abril na comparação com o mês anterior. Nos segmentos que obtiveram índices positivos, destaca-se representação comercial, com 21,20%, publicidade e propaganda (17,45%) e Laboratórios (19,61%).