Título: Franquias brasileiras avançam no exterior
Autor: Igor Trafane
Fonte: Jornal do Brasil, 26/05/2005, Economia e negócios, p. A18

Crescimento é a palavra de ordem do franchising brasileiro, sustentado por números que mostram a fatia que representa na economia do País e pela segurança intrínseca que o termo franquia exerce sobre aqueles que buscam o negócio próprio. Para que essa segurança não sofra abusos e o empreendedor não arque com as conseqüências financeiras da presença de má-fé no mercado, as empresas são rigorosamente avalizadas por um órgão representativo. Em jogo está a credibilidade de companhias responsáveis, em 2004, pelo giro de R$ 31 bilhões ¿ número 7% superior ao registrado em 2003, segundo a Associação Brasileira do Franchising (ABF). Há mais de 56 mil unidades franqueadas em território nacional e, com força, bandeiras brasileiras ultrapassam fronteiras e firmam-se no exterior. As vagas de emprego diretos e indiretos geradas pelo setor no País chegaram a 530 mil no ano passado, aumento de 6% frente ao período anterior. Tal solidez tende a perdurar, se realmente for possível estabelecer um filtro entre as franquias sérias e aquelas que vêem esse crescimento como oportunidade rápida de angariar divisas. A Associação Brasileira de Franchising acaba de entregar a 55 redes franqueadoras, entre as cerca de 670 existentes no Brasil, o Selo de Excelência em Franchising 2004. Esta ferramenta, somada ao bom senso e à disposição do empreendedor em pesquisar e se informar, constitui um ambiente protegido para que se prossiga a consolidação das vitórias que o segmento vem obtendo.

Conquistar o Selo de Excelência é garantia de idoneidade, é provar-se, como franqueador, capaz de oferecer aos parceiros boas condições de trabalho e, principalmente, de sucesso. É importante ter sob todos esses atributos a assinatura da instância primeira do setor no Brasil, possibilitando aos empreendedores investir economias de anos de forma acertada, criando e tornando disponíveis parâmetros de avaliação. Porém, primordiais para o bom andamento do negócio próprio, acima de qualquer chancela, são as características pessoais e profissionais do empreendedor. Não há garantia que resista a fatores como falta de capital, ausência de perfil para empreender, baixa qualificação acadêmica ou profissional, mas estes ainda são itens facilmente detectáveis em programas de pré-seleção. Já problemas como distanciamento, inércia e falta de empatia pelo nicho de atuação escolhido são quase impossíveis de constatar previamente. São, certamente, ingredientes para o fracasso.

O Brasil é o terceiro país em número de redes franqueadoras, atrás de EUA e Japão. A posição de destaque levou o governo Lula, recentemente, a apoiar o setor por meio da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), com investimento de R$ 1,8 milhão para a participação de algumas bandeiras em feiras fora do País e publicidade. A idéia é aumentar o interesse externo pelas empresas do franchising nacional e, assim, aumentar a exportação de marcas, produtos e serviços a fim de angariar fundos e gerar crescimento do superávit da balança comercial - questão tão difundida pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Como empreendedor, o franqueado tem mostrado boa evolução. O fato de executivos de elevada competência optarem por programas de demissão voluntária (PDVs), tão comum nos últimos anos, e buscarem o negócio próprio nivela por cima a qualidade de administração de franquias. Vemos hoje não apenas redes inteiras comandadas por profissionais de alta formação, mas também simples unidades com grandes administradores à frente.

O novo pequeno empresário que souber fazer uso de informações, avaliando tendências, riscos, históricos e interagindo com os que já atuam no meio, está inclinado ao êxito. Ainda faltam medidas imprescindíveis para a melhoria substancial deste e de outros setores, como as tão solicitadas reduções de carga tributária e juros, mas passos já são dados no sentido correto. Regulamentação séria, apoio governamental constante e cobrança da sociedade civil formam boa receita para o desenvolvimento empresarial brasileiro.

*Diretor de Franchising do Centro Cultural Americano.