Título: Serra e Alckmin se encontram depois de troca de farpas
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/05/2005, Brasil, p. A5

Na Central de Abastecimento, prejuízos somam R$ 10 milhões

Um terreno particular na divisa da cidade de São Paulo com Taboão da Serra foi o cenário arranjado pelos tucanos para que o prefeito José Serra (PSDB) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) fizessem, na manhã de ontem, a primeira aparição juntos em público depois do mal-estar causado pelo alagamento da marginal Tietê. No terreno - localizado ao lado do córrego Pirajussar - há o projeto de construção de um piscinão em uma parceria entre Estado e município. Não há ainda, no entanto, nem verba garantida para a desapropriação do imóvel.

O encontro entre o governador e o prefeito foi agendado às pressas depois que declarações de Geraldo Alckmin sobre a necessidade de bombas hidráulicas sob pontes da marginal - responsabilidade da Prefeitura - contrariaram José Serra. Na quarta-feira Alckmin disse que ''o problema grave hoje não é o rio Tietê, são as marginais. O fato é que a água não volta da pista ao rio''. As declarações levaram Serra a telefonar para o governador, cobrando explicações.

Serra negou que o encontro com Alckmin tenha sido apenas em resposta às notícias sobre o mal-estar entre os dois.

- Esse encontro foi combinado quarta-feira. Não tem nada a ver com notícias. Aqui é uma área que já estamos estudando. Vamos fazer a obra do piscinão. A questão é como mobilizar os recursos.

Mas os prejuízos da chuva foram muito além dos desgastes políticas. As perdas dos comerciantes do Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo pode ultrapassar os R$ 10 milhões. O saldo oficial da enchente que atingiu o local ontem ainda não foi contabilizado, mas é certo que o comércio no local movimenta cerca de R$ 7 milhões por dia - que teriam sido perdidos na terça. E, ontem, metade das operações não foram realizadas.

A água que tomou o local atingiu um metro e meio de altura. Todos os produtos estocados terão que ser jogados fora. Vinte e cinco caminhões realizaram a limpeza, acompanhados pela Vigilância Sanitária

Na Zona Sul de São Paulo, três homens foram mortos após o desabamento de um muro na Chácara Flora. Os ajudantes de obra Neuracy Novais Souza, Valdisnei Macedo Pereira, e Antonio Francisco Teixeira, abriam uma vala na calçada, quando ocorreu o acidente. Eles eram empregados da Teletec e estariam prestando serviços para a ampliação da rede telefônica.

Segundo o engenheiro da Subprefeitura de Santo Amaro, Sérgio Gibelli David, o temporal de terça-feira pode ter sido um dos motivos do queda do muro, já que a água ''amolece'' o solo. Além disso, estavam sendo realizadas duas obras: a vala aberta pelos operários e uma construção, do outro lado do muro, no terreno de uma casa. Nove carros e 29 homens do Corpo de Bombeiros foram ao local para realizar o resgate.