Título: Mulher pode desvendar fraude
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 28/05/2005, Brasília, p. D3
Polícia aposta que ela denunciará quais empregados do Cespe estão envolvidos com a máfia dos concursos A polícia confirmou, ontem, a prisão de uma mulher, cuja identidade está sendo mantida sob sigilo, que seria a peça-chave para a identificação do servidor do Cespe responsável por passar informações privilegiadas à Hélio Garcia Ortiz, o suposto líder da máfia dos concursos. Cícero Monteiro, delegado da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), afirmou que a mulher presa foi apontada por Ortiz, mas garantiu que ela não tem ligação com o Cespe. Na tarde de ontem, Aléssio Alberto Gomes Campos e Hélio Garcia Ortiz prestaram depoimento mais uma vez. Apesar de Ortiz ter afirmado que Aléssio, seu braço direito, teria vendido os gabaritos da prova para Agente Penitenciário Federal, Aléssio não confirmou nada em seu primeiro depoimento. No final da tarde, houve uma acareação entre os dois e, segundo a Polícia, Aléssio confirmou que agenciou candidatos, mas negou que tenha tido acesso às provas.
O interrogatório foi conduzido com a presença do diretor-geral da PCDF, Laerte Bessa, do diretor do Departamento de Atividades Especiais, delegado Celso Ferro, e do delegado da Deco, Cícero Monteiro. Em seu terceiro depoimento, Ortiz revelou que já havia participado de uma sindicância do Cespe para apurar irregularidades no concurso para fiscal tributário no Mato Grosso.
Apesar da polícia ter provas de que o concurso, realizado em 2002, foi fraudado e do próprio Hélio ter passado em quinto lugar de maneira irregular, a sindicância do Cespe não conseguiu encontrar problemas na seleção. Em entrevista concedida ao JB, segunda-feira, a diretora do Cespe, Romilda Macarini, admitiu que a quadrilha já havia tentado fraudar outros concursos do Cespe antes do de domingo, para Agente Penitenciário Federal.
No entanto, ela garantiu que as fraudes não chegaram a se concretizar, embora a polícia assegure que ocorreram irregularidades em pelo menos seis seleções realizadas pela entidade. Com o escândalo das fraudes, o Cespe já perdeu o contrato com Secretaria de Fazenda do Estado do Amazonas (Sefaz-AM) e teve outros quatro processos seletivos suspensos.