Título: Campanha pelo incentivo fiscal
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2004, Esportes, p. A-23

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, aproveitou uma homenagem aos atletas que foram para a Olimpíada de Atenas e ao COB para voltar a insistir em uma antiga idéia: a criação de uma lei de incentivos fiscais para o esporte. A solenidade foi realizada pela Câmara dos Deputados, ontem, em Brasília. Nuzman, que insiste na tese desde 1983, primeiro afirmou que a parceria do Governo Federal tem sido ''fundamental para fazer do esporte uma questão de Estado''. Depois, disparou:

- O próximo degrau é o incentivo fiscal.

Outro a defender veementemente a medida na Câmara foi o deputado federal e ex-jogador do Fluminense Wanderley Oliveira (PV-Rio), o Deley.

- Esse é um desejo da comunidade e dos atletas. O esporte só tem a ganhar com o envolvimento do setor privado, uma vez que, hoje, nossa injeção de verba nessa área é ainda muito pequena em relação à de outros países. Nos EUA, por exemplo, só com esportes de rendimento, são gastos US$ 700 milhões - comparou.

Longa história - O projeto defendido por Nuzman, que já foi evocado diversas vezes no Planalto, propõe o abatimento do imposto de renda da pessoa física ou jurídica que investir no esporte - incentivo semelhante ao concedido pela lei Rouanet, no âmbito da cultura.

A medida, que nunca saiu do estado de esboço e dos discursos de palanque, chegou a ser qualificada pelo ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, como ''a segunda grande revolução do esporte brasileiro'', depois da Lei Agnelo-Piva.

Animado, Nuzman declarava, até o mês passado, esperar a aprovação do seu projeto já para o ano que vem; uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, adiou os planos do presidente do COB.

Segundo declaração dada por Lula no dia 10 de setembro, o governo havia desistido de criar a lei de incentivo fiscal e optado por destinar R$ 200 milhões em recursos orçamentários para financiar projetos que beneficiassem atletas desconhecidos, a partir de 2005.

- É muito fácil patrocinar um atleta quando ele volta com uma medalha de ouro no pescoço. Se a iniciativa privada não quer, num primeiro momento, financiar um atleta para ser um vencedor amanhã, o Estado tem que assumir a responsabilidade - argumentou o presidente, em cerimônia de recepção aos atletas olímpicos no Palácio do Planalto.

Para o deputado Deley, porém, uma medida não exclui a outra.

- As duas propostas poderiam conviver entre si. Claro: é necessário investir na base. Contudo, também não se pode abrir mão dos recursos destinados aos atletas que já estão na ponta. Isto não é custo; é investimento - concluiu.