Título: Freio de mão argentino
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/05/2003, Economia e Negócios, p. A19
Livre comércio de automóveis com o Brasil só em 2008
BUENOS AIRES - A Argentina adiará para 2008 a aplicação de um acordo de liberalização do comércio de automóveis com o Brasil, medida que tem o objetivo de abrir um período de transição para equilibrar o intercâmbio comercial no setor.
A decisão, que será anunciada oficialmente nos próximos dias, foi confirmada pelo secretário da Indústria da Argentina, Miguel Peirano, durante um fórum empresarial da União Industrial Argentina, que terminou ontem em Mar del Plata.
- Não haverá livre comércio para os automóveis até 2008. Na próxima semana assinamos o acordo - disse o secretário.
Antes de liberar o comércio de veículos com o Brasil, a Argentina pretende negociar um plano que reduza as diferenças entre os setores automobilísticos de ambos os países. Para atrair as montadoras, o governo argentino pensa em dar incentivos às empresas, como redução das retenções às exportações se as mesmas superarem o montante das vendas ao exterior que realizaram em 2004.
O acordo de livre comércio deveria entrar em vigor em 2006, mas em setembro do ano passado a Argentina já havia adiantado sua intenção de adiá-lo devido à grande penetração que as montadoras estabelecidas no Brasil têm no mercado argentino, onde abocanham 60% das vendas.
O fórum em Mar del Plata também testemunhou rixas entre empresários brasileiros e argentinos. Os presidentes da União Industrial Argentina (UIA), Héctor Méndez, e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, deixaram claras suas divergências sobre a política industrial dos dois países.
- De que se queixam os argentinos se o tipo de câmbio hoje lhes favorece e torna sua indústria mais competitiva? - questinou Skaf, acrescentando a Argentina vai crescer neste ano o dobro do Brasil.
O presidente da UIA contestou as afirmações feitas por Paulo Skaf.
- Se hoje temos um tipo de câmbio melhor é porque há dois anos temos política industrial e o Brasil não pode querer um pedaço dela- disparou Héctor Méndez.