Título: A casa da memória brasileira
Autor: Alexandre Werneck
Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2004, Caderno B, p. B-1
Depois da passagem pelo acervo de livros e pelo de periódicos, pela sala de obras raras, pela de iconografia e pelos salões de leitura, acompanhado pela diretora de Centro de Referências e Difusão, Esther Caldas Bertoletti, Battles senta-se para um café e fala de George Bush e John Kerry, das praias do Rio e de seu trabalho no conceituado periódico Harvard Library Bulletin. Mas não custa muito e a conversa retorna, claro, aos livros. Ele afirma que a Biblioteca Nacional lhe pareceu tão moderna e eficiente quanto qualquer grande espaço que ele conheceu, mas diz que não visitou tantas bibliotecas quanto queria para fazer seu livro. - Não é um livro para mapear as bibliotecas do mundo. É muito mais um estudo sobre o que as bibliotecas significam para as pessoas e, em última instância, tenho que assumir esse tom tendencioso, o que as bibliotecas significam para mim.
Mas depois de tanto tempo em alguns acervos, ele é capaz de dizer: no fundo, todas as bibliotecas são iguais, todas com um mesmo espírito que se traduz de uma para outra.
- Ao mesmo tempo, este lugar é um depósito da memória brasileira. Não apenas da memória do Brasil, mas da memória do contato do mundo com o país e do país com o mundo. Essa é uma experiência que só se pode ter aqui. Em um website sobre a biblioteca, você não poderia ter isso de jeito nenhum. Se eu passasse mais tempo no Brasil, sem dúvida passaria a maior parte desse tempo aqui - diz ele, impressionado diante da informação de que o acervo da Biblioteca Nacional passa de 8 milhões de documentos, de livros a discos.
Battles segue do Rio para Boston. De lá, volta para o Chile, onde, no começo de novembro, dá palestras na Feira Internacional do Livro de Santiago. Antes da volta à América Latina, porém, tem um compromisso que considera primordial: votar para presidente, ocasião que, admite, nem tantos compatriotas seus aguardam tão ansiosamente.
- Tenho uma camiseta com a estampa: ''2 de novembro''. Quando ando com ela, mesmo em Harvard, muita gente me pergunta: o que acontece nesse dia? É o seu aniversário?