Título: CEB diz que sindicato é ''leviano''
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Fonte: Jornal do Brasil, 20/10/2004, Brasília, p. D-4

Empresa vê discurso dúbio de presidente do Stiu, que só teria feito acusações para evitar cortes determinados pela Aneel

A Companhia Energética de Brasília (CEB) rebateu ontem as acusações de má gestão da companhia, que teria levado à redução de 60% do patrimônio líquido da empresa em quatro anos, feitas pelo diretor jurídico do Sindicato dos Urbanitários do DF (Stiu-DF), Mauro Martinelli, e publicadas na edição desta terça-feira no Jornal do Brasil. A companhia afirma que as acusações, consideradas ''levianas'' e ''oportunistas'', refletem o receio do sindicato diante da recomendação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de reduzir R$ 105 milhões nas despesas anuais. Deste valor, R$ 60 milhões virão a partir do corte de benefícios dos 1.250 funcionários da companhia. O presidente da CEB, Rogério Villas Boas, preferiu não polemizar com os sindicalistas e deixou a cargo de sua assessoria a função de contrapor os argumentos utilizados pelo diretor-executivo do Stiu-DF. O consultor de imprensa da presidência, Marcelo Coutelo, explica que no dia 31 deste mês termina o acordo coletivo que garantiu nos últimos dois anos vantagens como planos de saúde e tíquetes-alimentação. A previsão, para suprir as recomendações da Aneel, é de que boa parte dos benefícios sejam cortados.

Como não há negociação com o sindicato, segundo Coutelo, é possível o solução do caso por meio de dissídio coletivo, ou seja, a Justiça definir a situação dos trabalhadores.

- A Aneel nos deu o recado de que a sociedade não pode pagar por estes benefícios mais. Somos obrigados aos cortes. O sindicato está levando os empregados da CEB a uma aventura, em nome de interesses político-partidários - diz o consultor.

Em uma campanha chamada Campanha de Moralização e Reconstrução da CEB, o Stiu-DF acusa a diretoria da companhia de não conseguir administrar as dívidas acumuladas desde a crise do apagão, que terminou em 2002 e reduziu em 20% o consumo nacional de energia elétrica. Segundo Martinelli, a concessionária teria investido na geração de energia sem autorização da Aneel, além de ter comprado um imóvel da Terracap no valor de R$ 15 milhões, também sem o aval da agência.

Couvelo ressalta que até agosto, Martinelli era um ''aliado'' da companhia. Durante audiência pública sobre as tarifas a serem cobradas, naquele mesmo mês, o dirigente sindical pediu à Aneel que levasse em consideração os dados fornecidos pela CEB na tomada de decisão.

- Será que vocês aceitariam que a Aneel baixasse os indicadores de qualidade da CEB, simplesmente porque para que houvesse uma diminuição nos custos operacionais da empresa? - indagou na audiência Martinelli, se dirigindo aos consumidores presentes.