Título: Solidariedade a Suplicy
Autor: Paula Barcellos
Fonte: Jornal do Brasil, 28/05/2005, País, p. A3

Nos últimos dos dias, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) recebeu quase mil e-mails. Mais precisamente, 996. Sendo 992 enaltecendo sua decisão de assinar o requerimento para a CPI dos Correios. E apenas 4 recriminando. Nunca, ao longo dos seus 25 anos de PT havia recebido tanta manifestação de carinho e solidariedade. Tanto de colegas da política quanto de eleitores. Nos vinte minutos em que conversou pelo telefone com o JB, seu tom de voz oscilava entre a firmeza de quem não tem a intenção de sair do PT, apesar das divergências, e a emoção, quando lia algumas das mensagens que recebeu. Entre os remetentes, Chico Alencar, Fernando Gabeira e a escritora Ana Miranda.

Horas antes da assinatura, na noite de quarta-feira, o senador já havia recebido 66 mensagens de colegas. Apenas 4 pediam para que não assinasse. A justificativa de Suplicy por sua conduta é simples: ''conclui que era o melhor a ser fazer pelo Lula, pelo PT e pelo o Brasil''. Suplicy não se abalou com a declaração do ministro José Dirceu que, em rede nacional, o definiu como ''estranho''. Pelo contrário. ''No dicionário, 'estranho' significa fora do comum, novo. A palavra de Dirceu é consistente com a minha trajetória no partido'', explicou.

Ainda emocionado, Suplicy acredita que agora não é o momento de pensar numa possível retaliação da cúpula do partido. Apesar de ter ciência do desgosto provocado. Todos os esforços, segundo o senador, devem se voltar para a escolha do presidente e do relator da CPI. Suplicy aposta na nomeação do senador Pedro Simon (PMDB-RS).