Título: Crédito cresceu 32%
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Fonte: Jornal do Brasil, 29/05/2005, Economia e Negócios, p. A17
Mesmo com a taxa básica de juros em alta - e diante da disposição do Comitê de Política Monetária (Copom) em manter a elevação dos juros básicos da economia para combater a inflação, como revelou na sexta-feira a ata da última reunião do comitê -, os bancos seguiram ganhando com o crédito para pessoas físicas no início de 2005. Nos primeiros três meses do ano, houve um aumento de 32% no volume aplicado neste tipo de operação. Tudo graças ao empréstimo com desconto em folha. Segundo o economista-sênior da consultoria Lopes Filho, João Augusto Salles, a modalidade já respondia em março por 30% do mercado.
Com isso, as operações de crédito cresceram 20% no balanço do Bradesco, 34% no Itaú, 23% no Unibanco e 8% no Banco do Brasil.
- Os empréstimos com pessoas físicas cresceram muito e também cresceram as atividades de tesouraria (compra de títulos), o que mostra que os bancos têm se mostrado fortes e ágeis e terão ganhos bastante superiores aos do ano passado - prevê o economista do ABN Amro, José Cataldo.
Ajuda ainda, segundo o economista Luiz Mário de Farias, da consultoria Towers Perrin, a lei de falências, que deve estimular os empréstimos ainda neste ano.
Mas o otimismo não é consenso. O crédito com desconto em folha, segundo analistas, entrou em um segundo movimento.
- Se antes havia uma onda de adesão, demonstrando aptidão ao crédito, agora o que se percebe é que se caminha para um crescimento menos acelerado nesta modalidade. O consumidor hoje usa este crédito como mecanismo de defesa, trocando uma dívida por outra mais barata, saindo do cheque especial, por exemplo, e migrando para o desconto em folha - analisa Salles.
A tendência, segundo ele, é de redução no crédito a partir do segundo semestre.
- A menos que o Banco Central comece um movimento de relaxamento da taxa de juros - pondera. - Se isso não ocorrer, a expansão do crédito verificada neste início de ano pode ser interrompida.
O balde de água fria parece ter ganhado um reforço na última sexta-feira. O Ministério da Previdência informou que suspenderá novos convênios para crédito a aposentados e pensionistas, o que ainda será apreendido pelo mercado.