Título: Líder nega ter sido desleal
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 01/06/2005, País, p. A2

O líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-PE), disse ontem que ''não cometeu deslealdade'' ao Planalto em depoimento prestado à Veja. Na revista, o senador afirmou que não conseguiu nomear Ezequiel Ferreira de Souza para a Diretoria de Tecnologia dos Correios porque, segundo uma nota apócrifa, a permanência do atual ocupante do cargo, Eduardo Medeiros, seria fundamental para a realização de uma licitação fraudulenta.

Medeiros é uma indicação do PT, apesar de o PL se apresentar como padrinho da nomeação.

- Todo desvio tem de ser apurado e punido, senão parece conivência. Apenas me senti na obrigação de esclarecer um fato, apresentando uma história que não foi contestada por ninguém - declarou Bezerra.

Interlocutor do setor produtivo, o senador acrescentou que não pretende devolver a liderança ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo assim, perdeu fôlego ontem no Senado, a eventual punição a Bezerra. Governistas alegavam que ele teria ajudado a oposição que defende a CPI dos Correios e das estatais.

PSDB e PFL podem conquistar mais um aliado nesta empreitada: o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis). Ele pretende recorrer ao Judiciário se a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara não julgar a questão de ordem que obriga o Congresso a analisar o veto do presidente Lula ao reajuste de 15% nos salários dos servidores do TCU, da Câmara e do Senado.

Se o Supremo Tribunal Federal conceder a liminar, o Congresso terá de analisar vetos do Executivo antes dos demais projetos. Isso atrasaria a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que caso não seja aprovada até 30 de junho, cancela o recesso em julho. Com ele caem as chances de o governo adiar para o início dos trabalhos da CPI dos Correios.