Título: Peregrinação por verba para pesquisas
Autor: SÉRGIO PRADO
Fonte: Jornal do Brasil, 01/06/2005, País, p. A4

Aprovada a Lei de Biossegurança, os cientistas entram agora na luta para começar as pesquisas com células-tronco. O ponto inicial é a busca por recursos oficiais, que em grande parte estão represados pela área econômica do governo. Por isso, a cientista Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Projeto Genoma, quer ajuda do Congresso para conseguir verbas.

Esta discussão tomou força, na segunda-feira, quando 50 entidades da comunidade científica e do agronegócio reuniram-se em São Paulo, onde homenagearam parlamentares que ajudaram na formatação da lei na Câmara e no Senado.

Receberam os louros o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e os deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Silas Brasileiro (PMDB-MG), que relataram o texto no Legislativo, no ano passado.

Os cientistas têm ainda mais uma preocupação. É derrubar no Supremo Tribunal Federal a ação do procurador-geral da República, Claudio Fonteles, que tenta vetar os estudos com células embrionárias.

Didática palaciana Lula não teme mesmo a CPI. Já repetiu aos quatro cantos para quem quiser ouvir. Mas o fato de não temer não significa que deseje que a CPI seja instalada.

Ninguém quer Um influente petista com trânsito livre no Planalto assegura que essa história de dizer que o governo está dividido quanto à abertura de CPI é balela. ''Ninguém (no governo) quer (a CPI)'', diz.

Unidos venceremos Prova disso é que a tropa de choque do governo está mobilizada na CCJ. Todos muito bem orientados. E convencidos do triunfo: ou abortam ou limitam o raio da investigação, que já representaria uma vitória.

De novo? A falha na estratégia, segundo aliados do governo que observam de longe, é que não haveria novamente um plano B, em caso de derrota na CCJ.

No colo alheio Pelo menos o discurso está pronto. Se a CPI for aberta, a estratégia será transferir para a oposição a responsabilidade de uma eventual desestabilização do governo. A um ano da eleição, nem o mais empedernido opositor gostaria desse carimbo.

Ih... As coisas não andam muito bem mesmo pro lado de Romero Jucá. O ministro Ricardo Berzoini, do Trabalho, teria sido sondado para voltar à Previdência, ''onde desenvolveu bom trabalho'', na definição de um auxiliar palaciano.

Uma nota só O líder Aloizio Mercadante (PT-SP) disse ontem que a desaceleração da economia é fruto da definição da meta de inflação para 2004, de 4,5%. Para cumpri-la, o BC exagera na dose da Selic.

Mudar a conduta A análise de Mercadante não é nova. Resta saber se os novos números da economia darão fôlego à sua campanha de revisão, para cima, da meta de inflação para 2006.

Efeito Marinho Parlamentares que tentaram falar com Roberto Jefferson nos últimos dias acham que ele ficou ''meio esquisito'' depois do escândalo dos Correios.

Terapia anti-estresse ''Você liga na casa dele e ele (Jefferson) não entende nada o que você está falando. Não ouve, não fala. Só fica cantando ópera.''

Cutucada Frase, dita ontem, pelo presidente em exercício do Superior Tribunal Militar, ministro Flávio Bierrenbach: ''É importante que a OAB fique vigilante para impedir que no Brasil a res publica (coisa pública) se converta em cosa nostra.''

Ah, bom... A declaração foi feita em rápida entrevista depois de Bierrenbach condecorar o presidente da OAB, Roberto Busato, com a Ordem do Mérito Judiciário Militar. Bierrenbach, advogado de presos políticos durante o regime militar, não se referiu diretamente às crescentes denúncias de corrupção. E nem precisava.

Tuma, o desleixado O deputado Robson Tuma (PFL-SP) assinou o pedido de CPI de forma tão desleixada que, na hora da conferência na Mesa, o rabisco não bateu com a original. Após inúmeros telefonemas, o PFL desistiu de achar o deputado. Ele só foi encontrado horas depois, no aeroporto de Salvador, por ACM Neto (PFL-BA). Já era tarde.

O histórico de Tuma não o favorece. ACM Neto lembra que ele foi o último deputado a dar quórum para a votação da reforma da Previdência, em 2003. Foi achado no banheiro.

Jogo Rápido

Até o fim da tarde de ontem ainda não estava marcada a instalação do Conselho Nacional de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF). Motivo: surgiu a possibilidade de se fazer a solenidade no Palácio do Planalto, uma vez que cabe ao presidente da República anunciar as nomeações dos integrantes da CNJ, já aprovada no Senado. Caso a idéia não se materialize, a solenidade será no STF na próxima sexta ou segunda-feira, prazo limite para a instalação do Conselho.

SÉRGIO PRADO (Com equipe)