Título: Fraudes em concurso vão à Justiça
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 01/06/2005, Brasília, p. D1

O inquérito policial que investiga o esquema de fraudes em pelo menos 10 concursos públicos será encaminhado, hoje, à 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do DF. A diretora do Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), Romilda Macarini, foi ouvida, na tarde de ontem, por cerca de três horas. No depoimento, Romilda reafirmou a vontade de colaborar com as investigações e disse que o Cespe está de portas abertas para o que for preciso. - O Cespe é o maior interessado em esclarecer isso - garantiu Romilda, acrescentando que os funcionários estão trabalhando para descobrir possíveis falhas no sistema de segurança das provas.

A diretora não admitiu a existência de fraudes. Disse apenas que a polícia mostrou indícios de que Fernando Leonardo Oliveira, que prestava serviços diretos ao Cespe entre 2001 e 2003, na área gráfica, teria repassado as provas.

- Temos que aguardar o término das investigações - completou Romilda.

O delegado Cícero Monteiro, da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), afirma não haver motivos e provas para desconfiar da existência de servidores do Cespe envolvidos no esquema. Segundo ele, os esclarecimentos da diretora são importantes para mostrar como é o funcionamento interno da instituição, quem são e como trabalham os colaboradores e como é o trâmite das provas.

Ele garantiu que as respostas de Romilda foram objetivas e que ela não se furtou a nenhuma pergunta. Cícero Monteiro acrescentou ainda que não há indícios de que a quadrilha tenha tido acesso às provas após 2003, data da saída de Fernando do Cespe. Carlimi Argenta Oliveira e Fernando Leonardo Oliveira foram ouvidos, novamente, ontem. Nos depoimentos, Fernando confessou ter repassado às provas à Carlimi, mas negou saber da existência da quadrilha.

- Ainda não podemos atestar que houve fraude na prova de Agente Penitenciário Federal. Os candidatos foram presos em razão de conversas anteriores - afirmou o delegado.

O ex-funcionário do Cespe, tinha um relacionamento amoroso com Carlimi. Segundo ele, a companheira teria dito que as provas seriam repassadas para parentes dela. Carlimi, no entanto, confessou que vendia as provas para Hélio Ortiz, de quem teria recebido R$ 50 mil pela avaliação para o concurso de fiscal tributário do Mato Grosso.

Segundo o delegado da Deco, Fernando Oliveira apontou dez nomes do núcleo gráfico, setor de digitação e setor de pessoal, mas não confirmou a participação de ninguém no esquema. Essas pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias pela Polícia Civil do DF. Apesar do inquérito estar sendo encaminhado à Justiça, o delegado afirma que as investigações continuam. Para o 2º Vestibular de 2005, que acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, Romilda promete novidades no esquema de segurança. A proibição de equipamentos e acessórios, como relógios, está entre as mudanças.