Título: A importância no mundo do gás natural
Autor: Antônio Ermírio de Moraes
Fonte: Jornal do Brasil, 29/05/2005, Opinião, p. A11

Segundo as estimativas do Ministério de Energia dos Estados Unidos, o crescimento do consumo mundial de gás natural gira em torno de 2,2% anuais. Isso é válido para os próximos 20 anos. Trata-se de uma taxa de crescimento superior à do consumo de petróleo (1,9%) e de carvão (1,6%) (International Energy Outlook 2004, Washington: Department of Energy).

A taxa de crescimento do consumo nos países em desenvolvimento é ainda mais alta - cerca de 2,9% ao ano. Em 2025, o consumo de gás natural nesses países terá dobrado em relação a 2001.

A evolução do consumo desse energético vem sendo acompanhada com muita atenção porque o gás natural constitui um substituto adequado e flexível para o petróleo que escasseia ano a ano. Ademais, as reservas conhecidas de gás natural são suficientes para o consumo mundial durante 61 anos.

As maiores reservas de gás natural estão no Oriente Médio, no leste europeu, na Nigéria e nos países da ex-União Soviética. Mas o Brasil não está mal nesse campo. Pesquisas recentes descobriram reservas substanciais nas Bacias de Campos e Santos, além de outras regiões. E a Petrobras está adiantada na construção de grandes gasodutos. O trecho Campinas-Japeri, por exemplo, estará concluído em novembro de 2005. No próximo ano, a empresa dará início e terminará os trechos Lorena-Poços de Caldas, Coari-Manaus e outros (Ricardo Vigliano, ''Cinquenta anos em quatro'', Brasil Energia, janeiro de 2005). Tratam-se de providências importantes para garantir uma parcela do montante da energia exigida por um país continental que precisa crescer de forma sustentável durante muitos anos.

A participação do governo de São Paulo na exploração e transporte de gás natural tem sido igualmente responsável. Esse energético é crucial para a indústria e, futuramente, poderá se tornar importante para o transporte público coletivo em todo o Estado. Nos últimos anos, os avanços foram significativos. Em 2000, os paulistas consumiam cerca de 3 milhões de metros cúbicos por dia. Hoje, só a Comgás distribui mais de 12 milhões de metros cúbicos diariamente.

São Paulo não só dispõe de boas reservas como abriga a maioria das indústrias que produzem os equipamentos para extração e transporte do gás natural. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia, José Carlos de Souza Meirelles, o estado está se movimentando também na área da petroquímica, procurando consolidar os pólos Mauá-Capuava, Cubatão, São José dos Campos, Pindamonhangaba e Paulínia (''As estratégias de São Paulo para a área energética'', Brasil Energia, janeiro de 2005).

Neste momento em que a Bolívia decidiu elevar abruptamente a tributação das empresas estrangeiras que lá operam, é animador saber que as autoridades brasileiras estão pensando seriamente no futuro do Brasil e agindo de forma conseqüente para garantir o adequado provimento de energia para as atividades econômicas, pois, sem energia, não há produção, exportação, empregos e muito menos receita tributária.