Título: Reajuste de tarifas vai mudar
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 01/06/2005, Economia e Negócios, p. A21

A pedido de Lula, CMN estuda mudança de cálculo, mas nega expurgo de inflação O governo tenta driblar as contradições da política monetária sem dar o braço a torcer. A meta de inflação de 4,5% para o próximo ano não será revista, se depender do atual Conselho Monetário Nacional (CMN), resumido a apenas três ministros afinados. Um dos integrantes do trio, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, defende artimanhas para conter os preços administrados, contra os quais os juros elevados são ineficazes. O ministro admite que o governo não está conseguindo cumprir metas tão apertadas e que alguma coisa está errada na política monetária, mas não abre mão dela. Em vez disso, mira em contratos de concessão que começam a vencer neste ano.

- A meta de inflação é adequada, mas essa discussão sobre os preços administrados, contratos de prestadores de serviços, já deveria ter sido feita - avalia.

Telefonia, energia e outros vilões da inflação começam a ter alteração nas metodologias de cálculo de reajuste, a pedido do presidente Lula. Tudo com muita cautela para não atropelar compromissos firmados na época da privatização.

Mas o expurgo de preços administrados da meta de inflação, como sugerem alguns especialistas, está fora de cogitação no seleto grupo tomador de decisões. Tampouco agradam à maioria do CMN as sugestões de flexibilização da meta, como prega Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado. Neste ponto, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e Paulo Bernardo parecem se entender. Palocci tem atacado a idéia de uma meta de inflação mais branda. E Bernardo faz coro:

- Se tirarmos um retrato hoje podemos concluir que não é factível (a meta de 4,5% no ano que vem) porque nós não estamos conseguindo. Só se perseguirmos isso com disciplina, tranqüilidade e confiança durante um bom período, é possível - afirmou.

Outra polêmica: ao contrário de Palocci, Paulo Bernardo é contra a ampliação do CMN. Em vez disso, propõe que a discussão de alguns temas da economia seja feita no Congresso. Somente decisões técnicas ficariam com o CMN. O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) cobra uma configuração mais democrática do conselho, com nove membros indicados pelo presidente.