Título: Rio atrai investimento privado
Autor: Daniele Carvalho e João Paulo Engelbrecht
Fonte: Jornal do Brasil, 01/06/2005, Economia e negócios, p. A22

O Porto do Rio tem uma área de 5.957 metros quadrados de cais contínuo, com 22 armazéns internos, nove armazéns externos e oito terminais. De fato, a operação de carga e descarga foi feita sem tropeços. Apesar de haver só um acesso para caminhões, como em Santos, a fila de carretas não é tão extensa. Até porque o volume de veículos é bem menor. Em sua última escala nacional antes de seguir viagem rumo à Jamaica, a tripulação do navio CMA-CGM Carioca, acompanhada por uma equipe do JB e da Gazeta Mercantil, não enfrentou qualquer problema na movimentação de cargas, diferentemente do que ocorreu em Itajaí. Em relação ao acesso ferroviário, o porto recebe uma das ramificações da MRS, uma das principais operadoras de logística de transportes do país. A ligação seria perfeita não fosse o fato de uma boa extensão da malha estar rodeada por uma favela, na altura do bairro de Benfica, o que obriga à redução de velocidade e torna a operação perigosa. Há anos tenta-se um acordo para a retirada dos moradores do local.

Para modernizar a estrutura do porto, um dos mais antigos do país, desde o ano passado, está sendo tocada a Agenda Portos. Em outubro, a Companhia Docas abriu processo de licitações públicas, para contratar empresas que já estão fazendo obras emergenciais nos portos do Rio.

De acordo com Docas, para o Porto do Rio estão previstos uma nova subestação elétrica, a recuperação da pavimentação das vias internas, um novo sistema de sinalização, a implantação de balanças eletrônicas, a recuperação da linha férrea, dragagem, implantação do Sistema Integrado de Segurança e restabelecimento da iluminação.

Só para a dragagem do Porto do Rio, serão destinados R$ 9,6 milhões. O Sistema Integrado de Segurança sairá por R$ 9,3 milhões e as novas balanças custarão R$ 1 milhão.

Para aumentar a área de operação do porto, está em andamento o Programa de Arrendamento de Novas Áreas de Docas, já aprovado pela Agência Nacional de Transportes Aquáticos (Antaq), prevê a viabilização de 13 novos projetos no local, com investimentos privados de US$ 582 milhões e a abertura de 4.670 empregos diretos e 18.680 indiretos. O número de novos terminais ainda não está definido, já que cada projeto poderá contemplar mais de um terminal.

O presidente da Associação Brasileira de Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec), Sérgio Salomão, lembra que o aumento da movimentação de contêineres em todo o Brasil tornou-se possível somente com os investimentos dos operadores privados dos terminais, que somaram US$ 500 milhões entre 1995 e 2004.

Além de criticar as autoridades portuárias brasileiras - as antigas companhias Docas -, que, segundo ele, não apresentam as contrapartidas públicas desses investimentos, Salomão lembra que, para melhorar a operação no Porto do Rio, a entidade reivindica da prefeitura, há tempos, a construção de uma ''alça rodoviária'' para facilitar o acesso ao porto dos veículos que chegam do interior do país pela Avenida Brasil.

No caso das autoridades portuárias, o executivo identifica problemas como a utilização política das companhias Docas pelo governo federal. A solução, de acordo com ele, passa pela elaboração de uma nova legislação que regule as operações das companhias e garanta condições para uma administração eminentemente técnica. Para isso, reitera, o Ministério dos Transportes criou um grupo de trabalho que tem por atribuição promover um seminário internacional de operações portuárias, com o objetivo de colher contribuições para um anteprojeto de lei. A proposta será enviada até o fim deste ano ao Congresso Nacional.