Título: Siderurgia começa a investir pesado
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 01/06/2005, Economia e Negócios, p. A23

Setor contabiliza US$ 13 bilhões em recursos a serem aplicados até 2010 para expansão da produção anual em 50% O setor siderúrgico brasileiro prepara-se para viver um período que deverá ser um dos mais importantes de sua história. Com a expectativa de investimento de US$ 13 bilhões para os próximos cinco anos, as empresas instaladas no Brasil desembolsarão montante maior do que o aplicado nos dez ano pós-privatização.

- Desta vez, os recursos vão, majoritariamente, para expansões. No passado, os investimentos feitos visavam, basicamente, à reestruturação das empresas - observa o novo presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Luiz André Rico Vicente, que toma posse do cargo hoje em Brasília.

Caso todos os projetos em pauta sejam colocados em operação, o Brasil passará da produção atual de 34 milhões de toneladas por ano para 50 milhões de toneladas por ano em 2010. O montante mencionado por Vicente não leva em consideração os investimentos do setor atraídos pela Companhia Vale do Rio Doce, que poderão acrescentar mais 10 milhões de toneladas à produção nacional.

Vicente se mostra confiante mesmo diante dos sinais antagônicos de crescimento da economia mundial e brasileira e diz ser passageiro o aumento de estoque do setor.

- De fato existem sinais amarelos na economia. No Brasil, a explicação está na postura adotada pelo governo que, para segurar a inflação, põe em prática uma política recessiva. Isso significa afetar o consumo - diz ele, que é também vice-presidente Executivo da Gerdau.

Já no mercado internacional, Luiz André Rico Vicente explica que houve um movimento especulativo de compra do aço por conta das notícias de aumento de preço do minério de ferro e do carvão.

- Com isso, as empresas aumentaram seus estoques. Também é verdade que o mercado internacional tem dado sinais de certo arrefecimento. A economia não está crescendo nos padrões do ano passado. Um exemplo disso é o saldo comercial da China no setor de aço neste quadrimestre, que apontou queda de dois milhões de toneladas na compra do produto pelo país. Apesar do arrefecimento, estou confiante - comenta.

Outra briga que o novo presidente do IBS terá de enfrentar diz respeito ao processo de análise de concorrência que corre na Secretaria de Direito Econômico (SDE) que avalia a participação da Vale em minas e terminais portuários.

- Não achamos justo que uma empresa tenha o monopólio de determinadas operações. É normal que qualquer empresário se preocupe em ter opções. Até porque o frete é uma das maiores despesas das siderúrgicas - defende o executivo.

Na pauta de Vicente, consta ainda o posicionamento das empresas nacionais do setor em questões relacionadas ao comércio exterior, em especial às barreiras impostas pelos EUA.

- Esta é uma briga sem fim - brinca Vicente.