Título: Esquerda do PT no DF critica Planalto
Autor: Paula Porto
Fonte: Jornal do Brasil, 30/05/2005, Brasília, p. D1

Para deputada, que participou de seminário na UnB, comando partidário é que se aliou à direita e não os dissidentes ''Queremos um repúdio à aliança do PT com a direita e não com movimentos sociais'', afirma a deputada distrital Arlete Sampaio, sobre as acusações de que a ala esquerda do Partido dos Trabalhadores (PT) estaria fazendo o jogo dos partidos conservadores, inclusive na constituição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. Para a esquerda, não é ela que ajuda a direita e sim a política seguida pelo comando do partido. Arlete e outros membros da esquerda do PT que vêm lançando críticas acirradas ao governo de Luís Inácio Lula da Silva, reuniram-se no último sábado, no seminário O PT que temos, o PT que queremos, realizado na Universidade de Brasília (UnB), para debater a atual conjuntura política do governo federal e tentar aproximar as diferentes correntes do partido em chapa única para o processo de eleição direta da nova direção regional da legenda.

Lideradas pelos distritais Arlete Sampaio, Paulo Tadeu e Chico Leite, além da deputada federal Maninha, as correntes que participaram do encontro defendem uma contraposição ao domínio de representantes da Articulação. Apontada como possível preferência do presidente Lula e do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a facção considerada mais moderada do PT traz dois candidatos: o atual presidente regional, Wilmar Lacerda (ligado ao senador Cristovam Buarque), e Raimundo Júnior, estreitamente unido ao Palácio do Planalto, com forte adesão do Movimento PT, do presidente do Banco Popular, Geraldo Magela - pré-candidato ao GDF -, e apoiado pelo federal Wasny de Roure.

Na corrente esquerdista do partido, cinco nomes encabeçam a briga pela presidência. A Articulação Popular Socialista (APS) traz o marido de Maninha, Antônio Carlos de Andrade, o Toninho. Chico Machado é a opção do Movimento pela Reafirmação do Socialismo (MRS), integrado também por Paulo Tadeu. Já a Construção: Socialismo e Democracia (CSD), ligado a Arlete Sampaio, tem como pré-candidato Fernando Tolentino, diretor-geral da Imprensa Nacional. A disputa ainda conta com Daniel Seidl, da Democracia Socialista, e Osvaldo Dalvi, da Articulação de Esquerda.

- Precisamos focar na unidade partidária. É só por meio dela que teremos condições de fortalecer o partido, comandar a legenda e derrotar o grupo rorizista - analisa Arlete Sampaio.

Além do consenso entre a união das chapas, a ala de esquerda têm em comum a censura aos ''devaneios'' cometidos pelo governo Lula, como à atual política econômica e à falta de espaço e autonomia na gestão do PT.

- Há um consenso de que precisamos ter autonomia, de modo a funcionar mais sem o governo. Queremos, por exemplo, acentuar nossa divergência com a forma do controle da inflação que, do jeito que está, traz redução do rendimento econômico e desemprego. Queremos ainda mais espaço para opinar também em programas sociais - explica Arlete Sampaio.

Os petistas aproveitaram o encontro para avaliar se a oposição local tem sido competente na atual gestão de Roriz (PMDB). Na última ofensiva, os distritais petistas conseguiram unir-se a dissidentes da Câmara Legislativa e abriram duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para averiguar irregularidades nas áreas de saúde e educação. Além disso, a esquerda debateu a postura do comando nacional contra a CPI dos Correios, que sugere a apuração do possível envolvimento do PTB, partido da base aliada ao governo Lula, em denúncias de fraude.

- Ainda não temos um consenso sobre o tema - ressalta a distrital.

As inscrições de chapas para disputar o controle do partido terminam no próximo dia 20.