Título: Suplicy é chamado de político sem palavra
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 31/05/2005, País, p. A2

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi chamado de político sem palavra numa reprimenda no Senado por ter assinado o pedido de CPI dos Correios, à revelia da decisão da bancada e da recomendação do diretório do PT. Com incentivo irônico da oposição, Suplicy usou o microfone por mais de uma hora para justificar a assinatura. Acabou levando o líder do PT, Delcídio Amaral (MS), a expor o que o partido discutiu internamente. Sem arroubos e sem entrar no mérito da operação abafa do governo, Amaral acusou Suplicy de falta com a palavra. - Não questiono o mérito, mas a decisão política. Política se faz com palavra, é compromisso - afirmou o líder.

Antes, assegurou que o partido não puniria Suplicy, nem mesmo com a perda da legenda para a reeleição ao Senado.

Outros petistas não foram tão diplomáticos e quase levaram Suplicy às lágrimas. Ideli Salvatti (SC) recriminou as decisões individuais à revelia das orientações partidárias. Paulo Paim (RS) e Tião Viana (AC) se disseram decepcionados, mas Suplicy se afirmou tranqüilo especialmente agora, respaldado pela decisão do presidente Lula de encarar serenamente a CPI.

Ontem, em Brasília, o comentário entre petistas era que, por não ter havido fechamento de questão no Diretório Nacional, não deve ter punição aos parlamentares que apoiaram a Comissão de Inquérito. Mas o desgaste político é inevitável. A tendência é que eles fiquem cada vez mais isolados na bancada.

- Nós já percebemos que, nos principais embates políticos, não temos uma bancada com 91 deputados. Temos, no máximo, 80 - calculou, irritado, o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA).

Rocha afirmou que a cúpula petista preferiu não fechar questão sobre a matéria para tentar adotar a tática do convencimento. Mas demonstrou que não existe mais qualquer paciência com os chamados dissidentes petistas.

- Não dá para ser governo apenas nos momentos bons - atacou o líder petista.

Já o deputado Professor Luizinho (PT-SP) preferiu partir para a ironia falar sobre a situação do senador Eduardo Suplicy que, chorando, assinou o requerimento para a CPI:

- Tadinho dele, não tinha ninguém para dar um lencinho não?