Título: Maioria dos holandeses votará contra
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 31/05/2005, Internacional, p. A7
A rejeição dos franceses à Constituição Européia no domingo enfraqueceu mais ainda os partidários do ''sim'' na Holanda. De acordo com uma pesquisa do instituto Maurice de Hond, divulgada ontem, 59% dos holandeses pretendem seguir o exemplo de Paris e rejeitar a Carta da União Européia, no referendo de amanhã. Apenas 41% dos 2 mil entrevistados responderam que vão optar pelo ''sim''. Estes números mostram uma queda do ''sim'', que somava no sábado - antes da publicação dos resultados do referendo francês - 43% das intenções de voto.
''O resultado francês tornou muito mais remota a chance de que o sim triunfe na Holanda'', explicou o instituto, que realizou a pesquisa para a rede de televisão NOS.
Na França, a participação do eleitorado no referendo foi de mais de 69%. Na Holanda, prevê-se que o alcance será de 50%. Segundo o Maurice de Hond, se o comparecimento às urnas for baixo, a rejeição à Constituição será maior do que 60%.
Apesar da polêmica, o referendo holandês, meramente uma consulta, não tem a mesma importância do francês para a ratificação da Carta. O Parlamento pode adotar a legislação do bloco sem apoio popular, e promete fazê-lo, se o comparecimento do eleitorado for maior do que 30%.
Depois da Holanda, estão previstas consultas na Polônia, República Tcheca, Dinamarca e Grã-Bretanha - estes dois últimos países conhecidos pelo ceticismo ao projeto europeu.
Ontem, o secretário britânico do Exterior, Jack Straw, disse que o momento atual é de ''reflexão'' e que o governo só vai decidir na semana que vem se mantém a idéia de submeter a Constituição Européia a referendo.
- Não vamos tomar nenhuma decisão agora, pois poderia ser vista como uma interferência na votação holandesa - explicou Straw.
O Partido Trabalhista, do premier Tony Blair, vem pedindo que a consulta seja realizada no ano que vem. Pesquisas de opinião já indicam que o Tratado tende a ser rechaçado pelos britânicos. O Partido Conservador - que defende o ''não'' - teme que poderes hoje exercidos pelo Parlamento britânico sejam transferidos para burocratas em Bruxelas.