Título: Empresa e governo português silenciam
Autor: Marcos Troyjo
Fonte: Jornal do Brasil, 31/05/2005, Economia, p. A17

LISBOA - Em Portugal, a administração da TAP permanece silenciosa, comprometida com a confidencialidade do memorando de entendimento assinado com a Varig. Procurado, Luiz da Gama Mór, administrador da TAP, recusou-se a fazer qualquer tipo de comentário O silêncio impera também no meio governamental. O Ministério dos Transportes, que tem a tutela da TAP (empresa 100% estatal), não se pronuncia sobre o assunto, uma vez que, segundo o ministro dos Transportes, Mário Lino, o governo português se limita a acompanhar a evolução das conversações e a TAP terá autonomia para decidir. Porém, o primeiro-ministro português, José Sócrates, chegou a admitir ver ''com bons olhos'' um possível acordo entre as companhias.

O sigilo que tem pautado estes dias que antecedem o prazo estabelecido no memorando de entendimento dificulta também um posicionamento oficial dos partidos políticos portugueses. A idéia foi sublinhada pelo deputado do Partido Socialista (PS) Miguel Coelho. O deputado, que integra a comissão parlamentar para o setor dos transportes, admitiu, mesmo assim, que ''há naturalmente um interesse estratégico de Portugal'' no negócio.

Outro deputado do Partido Social Democrata (PSD), embora diga não conhecer mais do que tem sido revelado pelos jornais, mostra-se cético sobre o assunto, em especial sobre ''a forma como a TAP vai assumir o capital social da Varig''.

- Encaro [o negócio]com algum ceticismo, porque as empresas portuguesas que foram para o Brasil vieram muito maltratadas - justifica, apontando outros problemas, como a crise no mercado de aviação, o passivo da Varig e a condição ''titubeante'' da TAP.