Título: Proposta é vista com ceticismo
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Jornal do Brasil, 31/05/2005, Economia, p. A18
A associação da Varig com a TAP é vista com ceticismo por boa parte dos especialistas do setor aéreo. Segundo uma fonte que acompanha o processo de perto, a proposta é muito difícil de ser implementada, uma vez que depende de um sacrifício que as empresas de leasing da frota da Varig não estão dispostas a fazer. - O plano da TAP pede uma carência de dois anos para o pagamento dos aviões, seguida de uma operação de pulverização da dívida no mercado de capitais, um projeto complexo na medida em que não se tem um investidor sólido por trás do negócio - disse a fonte.
O fato de a TAP não ter a intenção de colocar recursos na Varig, segundo os especialistas, também enfraquece a proposta. A reestruturação da Varig também é considerada complexa, exigindo uma engenharia jurídica suficiente para oferecer uma blindagem para os potenciais investidores contra as suas dívidas, avaliadas em R$ 9,5 bilhões.
A participação da Fundação Ruben Berta na Varig também é outra questão difícil de ser resolvida. Na época em que se estudou a fusão com a TAM, estava prevista uma participação de 5% da FRB no capital da nova empresa, o que já foi difícil.
Segundo um dos membros do novo Conselho de Administração da Varig, pelo acordo que se estuda com a TAP, a FRB teria uma participação minoritária de mais ou menos 30%. A idéia é que outros investidores possam compor o capital da companhia, como foi feito na Embraer.
- A TAP, além de ser uma empresa bem organizada e bem administrada, trouxe credibilidade - disse o conselheiro.
A FRB, segundo ele, deu carta branca para o novo conselho da Varig trabalhar com autonomia e colocar a empresa nos trilhos. A participação do BNDES no negócio, disse, seria interessante, mas não está sendo cogitada.
Na opinião de Ozires Silva, ex-presidente da Varig, embora existam soluções mercadológicas, todas elas têm que passar pelas autoridades concedentes.
- Devemos explorar todas as oportunidades possíveis para a sobrevivência da marca da empresa, mesmo que ela fique somente no exterior, sua operação mais rentável - disse.