Título: Rodoviários prometem parar dia 6
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 02/06/2005, Brasília, p. D1

Secretarias de Transporte e de Segurança preparam estratégia para reduzir os transtornos da greve para a população Já é certo que os ônibus do DF vão parar na próxima segunda-feira. De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sittrater), João Osório, a paralisação ocorrerá dentro dos limites legais e quem depende do transporte coletivo terá tempo de se preparar para os transtornos. Domingo, pela manhã, a categoria realiza nova assembléia para definir as estratégias da greve. Depois de fracassar na tentativa de impedir a paralisação prorrogando o acordo coletivo anteriormente em vigor, os presidentes do Sittrater e do Sindicato das Empresas de Transportes (Setransp) do DF assinaram, na tarde de ontem, um Termo de Ajuste de Conduta elaborado por Ronaldo Curado Fleury, chefe da Procuradoria Regional do Trabalho. O acordo estabelece o fim de paralisações relâmpago como as realizadas ao longo da semana - consideradas ilegais - e estipula que a greve seja anunciada com 72 horas de antecedência. Também estabelece que, no mínimo, 30% dos ônibus em cada linha devem permanecer em funcionamento.

- A intenção é garantir o cumprimento da Lei 7.783/89, a Lei de Greve, buscando condições que reduzam ao máximo o prejuízo da paralisação à sociedade sem, com isso, sufocar a greve dos rodoviários - explicou o procurador.

Para ele, o GDF poderia ter evitado o atual impasse tomando providências como as estipuladas por Termo de Ajustamento de Conduta assinado em 2002. Em síntese, o documento propunha uma série de medidas contra os transportes alternativos irregulares.

Não só pela questão dos ''piratas'' a batata quente caiu no colo do governo. Wagner Canhedo Filho, dirigente do Setransp-DF, afirmou que a única maneira de fazer as empresas recuarem na decisão de cortar, já a partir deste mês, alguns dos benefícios concedidos aos rodoviários, é obtendo da Secretaria de Transportes autorização para elevar o preço da passagem, estagnado há 25 meses.

Para que a categoria volte à mesa de negociações, a elevação deve ser de 41,85% - o que encareceria uma passagem de R$ 2, por exemplo, para cerca de R$ 2,80. Mas isso não vai acontecer, conforme deixou claro o secretário dos Transportes, Mauro Cateb.

- Estamos estudando um aumento para as passagens, que será anunciado no momento adequado. Essa modificação na taxa não deve ser vinculada às questões trabalhistas existentes entre rodoviários e os empresários do setor - afirmou o secretário.

Sem o aumento citado, Canhedo afirmou ser impossível conceder as reivindicações dos trabalhadores: aumento de 17,72%, mais 30% de reajuste no valor da cesta básica e tíquete-alimentação. E sem perspectiva de negociar nos termos da categoria que representa, João Osório também afirmou, de antemão, que não volta a negociar por menos.

Preparativos para a greve já são feitos em todas as instâncias. Ainda ontem, João Osório e Wagner Canhedo decidiram voltar a encontrar-se com o procurador Ronaldo Fleury para elaborar uma tabela estabelecendo quantos serão os ônibus em cada linha e em que horários eles circularão, durante a greve.

Simultaneamente, a Secretaria de Transportes e o comando da Segurança Pública acertaram, em reunião, estratégia para evitar o fechamento de vias em caso de manifestações dos rodoviários. A Secretaria de Segurança Pública determinou, além disso, que a Polícia Civil abra inquérito para verificar possíveis ações criminosas nas manifestações da semana. Também acertou que será baixada portaria permitindo o funcionamento de transporte alternativo em trajetos determinados, durante a greve.