Título: Os olhos eletrônicos da polícia
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 02/06/2005, Rio, p. A13

Sistema de monitoramento começa a operar com 38 câmeras em pontos estratégicos da cidade. Estado quer integração com CET-Rio Inspirado no sistema de segurança usado nos Jogos Olímpicos de Atenas, o Centro Integrado de Comando e Controle, da Secretaria de Segurança Pública, começou a operar ontem na Central do Brasil. Inaugurado de manhã pela governadora Rosinha Matheus, o sistema pretende ser ''o mais moderno do mundo'', segundo o secretário de Governo Anthony Garotinho. Da sala de controle, os operadores monitoram imagens captadas por câmeras localizadas em pontos estratégicos da cidade. Atualmente, 38 câmeras estão em funcionamento, em três batalhões da Polícia Militar - 17º (Ilha do Governador), 19º (Copacabana) e 23º (Leblon) -, mas a previsão é de que, até o fim do ano, pelo menos 220 sejam instaladas em toda a Região Metropolitana. O centro, ou ''coração'' da segurança, como definiu o secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, fará a integração das Polícias Civil e Militar com a Secretaria de Administração Penitenciária. Segundo ele, várias câmeras ficarão localizadas dentro das penitenciárias.

- Todas as cadeias serão monitoradas, como já acontece hoje em Bangu 3 e 4 - afirmou Itagiba.

O funcionamento será dividido em três etapas. Primeiro, as imagens serão captadas pelas câmeras espalhadas pela cidade. Depois, a integração com o 190 da Polícia Militar agilizará o despacho das viaturas para o local, em caso de alguma ocorrência. Finalmente, a operação será completamente analisada pela central.

- As câmeras vão permitir a correção do trabalho da polícia. Poderemos ver onde estarão as viaturas - observou Itagiba.

O secretário de governo, Anthony Garotinho, foi ainda mais longe. Segundo ele, o objetivo do governo do estado é fazer um convênio com a prefeitura, integrando as câmeras da CET-Rio, além de uma parceria com a Defesa Civil e Bombeiros.

Futuramente, até as imagens dos condomínios e prédios serão acompanhadas no centro de controle.

- As viaturas terão microcâmeras conectadas ao Centro de Controle. Se o carro que cometeu a chacina em Nova Iguaçu estivesse com GPS, ele teria sido identificado imediatamente aqui - idealizou o secretário.

O secretário de Governo destacou ainda a intenção de ampliar a linha 190 da Polícia Militar de 20 para 100 pontos. Assim, seria possível reduzir de 25 para 6 minutos o tempo de resposta da viatura à ocorrência

- Este centro é um sonho que tenho desde que assumi o governo - revelou Garotinho.

A governadora Rosinha Matheus disse que municípios-pólo, como Campos, também terão com câmeras.

- O índice de criminalidade na Zona Sul, por exemplo, já diminuiu cerca de 50% desde que as câmeras foram instaladas lá - argumentou a governadora.

O Centro Integrado de Comando e Controle é a primeira parte do projeto de segurança. A previsão é que seja instalado um Centro de Atendimento Integrado, que concentrará todos os chamados para a Polícia Militar, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. Depois, terá início a instalação de um Centro de Gerenciamento de Crises.

De acordo com a Garotinho, a central permitirá que as decisões em caso de rebeliões sejam tomadas com mais eficiência.

- Agora teremos visão externa e interna dos presídios. Não teremos mais que tomar decisões com pressão psicológica do local - analisou Garotinho.

Todo o projeto está orçado em R$ 52 milhões. O governo estadual investiu R$ 12 milhões e, o restante, será pago por empresas privadas. Os recursos foram viabilizados devido à Lei 4.180, de junho do ano passado, na qual a governadora autoriza a destinação de 10% do ICMS pago por empresas privadas a projetos de segurança.

Segundo Garotinho, o investimento inicial do projeto foi pago com a economia feita pela Secretaria Estadual de Segurança Pública com aluguel.

- A antiga sede da secretaria custava R$ 750 mil. Com a mudança para o prédio da Central, foi possível economizar R$ 50 milhões - afirmou.

Usado nos Jogos Olímpicos de Atenas, o sistema teve pelo menos uma falha conhecida: não deteve o pastor irlandês Cornelious Horan, que invadiu a pista onde era realizada a maratona e segurou o fundista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, tirando-lhe o ouro e o deixando com a medalha de bronze no último dia dos jogos.