Título: Alckmin afirma que país sofre com o ''custo PT''
Autor: Israel Tabak
Fonte: Jornal do Brasil, 02/06/2005, País, p. A4
O PSDB não esconde que a palestra feita ontem por Geraldo Alckmin, no Rio, é o início do processo de nacionalização do nome do governador de São Paulo, potencial candidato do partido à Presidência. Discreto, como é do seu estilo, Alckmin, quando provocado, não quis falar sobre sucessão, repetindo que ainda é cedo para tratar do assunto. Mas não se esquivou de passar alguns recados bem claros à administração petista, mostrando, com exemplos e comparações, as mudanças que imprimiria aos rumos do governo. Na fórum promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) sobre um programa de desenvolvimento sustentável para o país, Alckmin afirmou que a sociedade está pagando o ''custo PT'':
- Se compararmos o que o PT dizia na oposição e o que faz no governo, verificamos uma mudança muito grande. Tudo precisa ser maior - o superávit, o juro - para o resultado ser menor. Essa incoerência gera insegurança. E esse custo é pago pela sociedade.
O uso exclusivo dos juros para conter a inflação é motivo de uma das principais criticas ao governo do PT:
- Não podemos ter apenas a taxa de juros como instrumento para atingir metas de inflação. Isso torna o debate muito pobre. Precisamos agregar outros valores, como a redução da carga tributária, para alívio do setor produtivo.
O governador de São Paulo observou que a alta dos juros traz efeitos nefastos como o esfriamento da atividade econômica, na contramão do que acontece no mundo, sobretudo em países emergentes. Citou também os efeitos sobre o câmbio, dificultando as exportações, e o aumento da dívida pública.
Para Alckmin, o governo se equivoca ao tentar barrar a CPI dos Correios:
- A apuração e punição dos focos de corrupção fortalece as instituições. E o que a sociedade espera da oposição é uma atuação isenta. Não queremos contribuir para aumentar a intranqüilidade, porque o investidor precisa ser estimulado. As pessoas querem emprego. Só que tranqüilidade não pode ser confundida com impunidade - advertiu.
No governo tucano em São Paulo - comparou - já existe há alguns anos uma ''vacina contra a corrupção'', como definiu os sistemas de bolsa eletrônica de compras e o pregão eletrônico que, segundo ele, já proporcionaram uma economia de R$ 1,7 bilhão ao Estado.
- É um processo de transparência absoluta que coloca a economia de mercado a serviço do Estado.
Alckmin citou o movimento popular contra a MP 232 para mostrar como a sociedade não aguenta pagar mais impostos. Deu exemplos de como conseguiu, em São Paulo, ao mesmo tempo diminuir a carga tributária e aumentar o volume de investimentos.
- Para aumentar investimentos, gerar emprego e reduzir impostos existe uma palavra-chave: eficiência. É preciso melhorar a qualidade do gasto público.
O governador criticou o ''modelo centralizador'' tributário, com uma fatia crescente do bolo representado por impostos federais. A receita: ''É preciso descentralizar ações e responsabilidades''.
Para os que insistiam em perguntas sobre sucessão e pesquisas, disse que a posição de ''melhor governador'' (Pesquisa CNT/Sensus) , o estimula a trabalhar ainda mais. E quanto aos índices dos presidenciáveis, afirmou que ''têm valor eleitoral zero. O jogo só é para valer quando começa o horário eleitoral''.