O Globo, n. 32795, 22/05/2023. Economia, p. 12

Lula não des­carta petró­leo na Foz do Ama­zo­nas

Shinichiro Nakaba


O presidente Lula indicou ontem que não descarta liberar a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, mas afirmou que pretende analisar o assunto quando voltar ao Brasil. Na última quarta, o Ibama negou uma licença para a Petrobras perfurar um poço exploratório a cerca de 160 km da costa do Oiapoque (AP), no Amapá, e a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas.

Na saída da entrevista coletiva que deu no hotel em que estava hospedado em Hiroshima, no Japão, para participar da reunião do G7, já na manhã de segunda-feira pelo horário local, Lula respondeu a uma pergunta do GLOBO sobre como via a decisão do Ibama, que divide os ministros do Meio Ambiente, Marina Silva, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira:

— Se extrair petróleo da Foz do Amazonas, que é a 530 quilômetros do Amazonas, é em alto mar, se oferece problema para o Amazonas, certamente não será explorado. Mas eu acho que sim, porque é a 530 quilômetros da Amazônia. Eu vou conversar para saber.

A Foz do Amazonas é uma das regiões da chamada Margem Equatorial, que abrange todo o litoral norte e alcança a do Rio Grande do Norte, no Nordeste. A região é considerada ambientalmente sensível por reunir grande quantidade de fauna e flora marinha, além de concentrar grande parte dos manguezais do país.

A negativa do Ibama para a perfuração de um poço de testes levou o presidente em exercício, o vice-presidente Geraldo Alckmin, a se reunir separadamente com Silveira e Marina, mas ele preferiu deixar a mediação para Lula, que embarcou de volta ao Brasil logo após a coletiva.

Após a decisão do Ibama, a Petrobras chegou a informar que iria retirar os equipamentos localizados na Foz do Amazonas. Silveira orientou a estatal a manter a estrutura por ora. Depois, a companhia confirmou que vai pedir reconsideração ao Ibama.

Na coletiva, Lula contou que pediu à diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que tivesse “compreensão” e desse mais tempo para a Argentina cumprir o acordo que tem com o organismo. Os dois se reuniram no sábado.