Correio Braziliense, n. 21487, 14/01/2022. Brasil, p. 5

Saúde já distribui a vacina para crianças

Fabio Grecchi
Gabriela Bernardes*
Gabriela Chabalgoity*


O Ministério da Saúde já começou a distribuir, para os estados e o Distrito Federal, as primeiras doses da vacina contra a covid-19 destinadas ao público entre 5 e 11 anos, que chegaram ontem ao Brasil. O primeiro lote do imunizante pediátrico desembarcou no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). São pouco mais de 1,2 milhão de aplicações, que começam a ser oferecidas à população nas próximas horas (saiba mais no infográfico abaixo.

Segundo o ministério, a entrega das doses “para todas as unidades da Federação, que começa ainda nesta quinta (ontem), segue o critério populacional, ou seja, é proporcional ao quantitativo de crianças por unidade federativa”. Os frascos foram encaminhados logo depois do desembarque para o Centro de Distribuição da Pasta, em Guarulhos (SP). Ali, passam por um processo de controle de qualidade e temperatura e pela análise pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

Ao receber as doses pediátricas, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, descolou-se do discurso bolsonarista, que faz apologia contra o imunizante — insiste, falsamente, que é experimental — para a covid-19 e critica a aplicação em crianças. “As vacinas da covid foram desenvolvidas em tempo recorde. Isso é fruto do esforço da ciência dos pesquisadores e da indústria farmacêutica. Assistimos, nos últimos seis meses, a uma queda significativa de óbitos, fruto da vacinação”, explicou.

O ministro reconheceu que, nos Estados Unidos, onde mais de 8 milhões de crianças receberam doses pediátricas da Pfizer, não houve relato de efeito adverso grave. “Em todas as campanhas de vacinação em massa, há eventos adversos relacionados à vacina. E vamos observar juntamente com a Anvisa e com a indústria farmacêutica para fazer as possíveis correções de rumo”, salientou.

Apesar de lembrar a diretriz do ministério de que a imunização pediátrica não é obrigatória, Queiroga reforçou que a vacina pode ser tomada sem receios. “Até o momento, há segurança atestada não só pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas por outras agências regulatórias para aplicação dessas vacinas”, frisou.

Sobre a variante ômicron, Queiroga destacou que as secretarias de saúde enfrentam um novo desafio com a nova cepa, cuja transmissão é “muito maior” do que as outras. “Muitos têm relatado que ela causa formas menos impactantes (da doença), sobretudo nos vacinados. Mas aqueles que se internam nos hospitais e nas unidades de terapia intensiva, a maioria é de indivíduos não vacinados”, disse, incentivando a segunda dose e a de reforço.