Título: Esquema pode ser maior
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 02/06/2005, País, p. A2

BRASÍLIA - A corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) pode ser um esquema bem maior do que parece, atingindo níveis de máfia. Esta é a suspeita dos investigadores do caso, com base nos depoimentos tomados até agora e nas provas recolhidas na operação de busca e apreensão. Pessoas subordinadas do esquema - a exemplo dos funcionários afastados dos Correios - estariam sendo impedidas de falar a verdade, para não comprometer escalões superiores, os políticos. O sistema de registro de imagens de entrada nos Correios durante a cobrança de propinas apareceu ''estragado''. Há indícios de incompatibilidade de rendimento e bens de um dos funcionários da estatal. Hoje, a Polícia Federal deve ouvir o ex-presidente do IRB, Lídio Duarte

As investigações estão desmentindo várias versões dos acusados de envolvimento no escândalo. Filmado cobrando propinas dentro da ECT, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material Maurício Marinho, declarou ter sido gravado por dois empresários, que se identificaram como Goldman e Vítor. As investigações mostram que um dos que gravaram se chama Paulo.

- Parece que o Marinho não quer que seja identificado quem o gravou - afirma um investigador.

No seu depoimento ao Ministério Público, o deputado Roberto Jefferson - acusado de participar do esquema - envolve os nomes do ''Comandante Molina'' e do capitão ''Fortuna'' na gravação da fita. As investigações mostram que o empresário José Fortuna Neves - agente do extinto SNI - e o Comandante Molina não executaram a gravação.